Uma decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, indicação do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, liberou no último sábado (03) os cultos presenciais nas missas e cultos, enquanto o Brasil enfrenta um aumento dramático de casos e mortes causadas pela pandemia da Covid-19.
A decisão ocorreu na véspera do domingo (04) de Páscoa, uma das principais datas do calendário cristão, quando se celebra a ressurreição de Jesus Cristo. A ocasião foi mencionada pelo Ministro do STF, Kassio Nunes Marques ao destacar que mais de 80% da população brasileira se declara como cristã.
“Estamos em plena Semana Santa, a qual, aos cristãos de um modo geral, representa um momento de singular importância”, escreveu o ministro.
A decisão do ministro do STF, no entanto, não teve o apoio do Bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, D. Flávio Giovenale e também do pastor da Igreja Assembleia de Deus, duas das maiores de Cruzeiro do Sul, que estão tendo sua programação de cultos e missas on line sem a presença de fieis nas igrejas.
Neste domingo de Páscoa o bispo D. Flávio Giovenale expediu uma carta à comunidade explicando que a decisão do ministro do STF não muda a recomendação para as paróquias e comunidades da Diocese, pois a pandemia ainda não mudou na regional do Juruá e a Igreja Católica vai continuar a celebrar suas missas sem a presença do povo.
“As nossas decisões, de fazer as celebrações sem as presenças dos fieis, vieram bem antes do Supremo Tribunal Federal e antes mesmo do decreto do governo estadual que suspenderam as celebrações nos sábados e domingos. Sempre defendemos a vida porque pessoas falecidas vão louvar Deus no céu, mas terra não vão continuar”, afirma o bispo.
Dom Flávio Giovenale avalia que a decisão liminar e monocrática do ministro é de caráter provisório e pode ser revogada a qualquer momento pelo plenário do STF pelas condições atuais da pandemia no Brasil ao ressaltar que a Diocese entende que ainda não há condições seguras para voltar as missas presenciais.
“Enquanto a Regional do Juruá permanecer na faixa vermelha vamos continuar com as atividades presenciais suspensas e somente nas faixas amarelas é que poderemos voltar as atividades presenciais”, decide o bispo em nome da comunidade católica do vale do Juruá que seguirá com suas atividades presenciais suspensas.
O Pastor Carlos Alberto, da Igreja Assembleia de Deus, lembra que mesmo antes da decisão do ministro do STF e também do governo do Estado de estabelecer protocolos e baixar o decreto restringindo as celebrações nos finais de semana, bem antes, na igreja, os cultos estavam sendo realizados on line e na semana com um número menor que os 20% permitidos.
“Durante a semana trabalhamos com apenas 5% dos fieis, mas com o uso constante da máscara, do distanciamento social, álcool em gel e todos os outros cuidados sanitários orientados pelas autoridades, além da higienização do ambiente. Aos domingos vamos continuar trabalhando de forma on line, sempre a favor da vida”, afirma o pastor.
Carlos Alberto avalia que ainda não se sabe o que vai acontecer, mas a tendência é que a liminar monocrática do Ministro do STF seja derrubada no Plenário. “A nossa preocupação principal não é de estar trabalhando o politicamente correto, mas sempre a favor da vida porque entendemos o perigo da doença e da atual dificuldade”, disse.
O pastor ressalta também que para reconquistar os prejuízos da pandemia é preciso estar com vida e que apesar de em Cruzeiro do Sul a situação está melhorando, o Hospital de Campanha está sempre lotado e mesmo sendo por pessoas de outros municípios a situação ainda é muito grave e que ainda não tem condição de retornar com os cultos presenciais.