Cruzeiro do Sul, Acre, 22 de dezembro de 2024 21:59

Coerência – Igreja católica e Assembleia de Deus não aderem a liberação de cultos com público em missas e cultos

Pastor Carlos Alberto e o Bispo D. Flávio Giovenale, líderes de duas da maiores igrejas de Cruzeiro do Sul avaliam que não há segurança para cultos e missas presenciais

Uma decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, indicação do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, liberou no último sábado (03) os cultos presenciais nas missas e cultos, enquanto o Brasil enfrenta um aumento dramático de casos e mortes causadas pela pandemia da Covid-19.

A decisão ocorreu na véspera do domingo (04) de Páscoa, uma das principais datas do calendário cristão, quando se celebra a ressurreição de Jesus Cristo. A ocasião foi mencionada pelo Ministro do STF, Kassio Nunes Marques ao destacar que mais de 80% da população brasileira se declara como cristã.

“Estamos em plena Semana Santa, a qual, aos cristãos de um modo geral, representa um momento de singular importância”, escreveu o ministro.

A decisão do ministro do STF, no entanto, não teve o apoio do Bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, D. Flávio Giovenale e também do pastor da Igreja Assembleia de Deus, duas das maiores de Cruzeiro do Sul, que estão tendo sua programação de cultos e missas on line sem a presença de fieis nas igrejas.

Neste domingo de Páscoa o bispo D. Flávio Giovenale expediu uma carta à comunidade explicando que a decisão do ministro do STF não muda a recomendação para as paróquias e comunidades da Diocese, pois a pandemia ainda não mudou na regional do Juruá e a Igreja Católica vai continuar a celebrar suas missas sem a presença do povo.

“As nossas decisões, de fazer as celebrações sem as presenças dos fieis, vieram bem antes do Supremo Tribunal Federal e antes mesmo do decreto do governo estadual que suspenderam as celebrações nos sábados e domingos. Sempre defendemos a vida porque pessoas falecidas vão louvar Deus no céu, mas terra não vão continuar”, afirma o bispo.

Dom Flávio Giovenale avalia que a decisão liminar e monocrática do ministro é de caráter provisório e pode ser revogada a qualquer momento pelo plenário do STF pelas condições atuais da pandemia no Brasil ao ressaltar que a Diocese entende que ainda não há condições seguras para voltar as missas presenciais.

“Enquanto a Regional do Juruá permanecer na faixa vermelha vamos continuar com as atividades presenciais suspensas e somente nas faixas amarelas é que poderemos voltar as atividades presenciais”, decide o bispo em nome da comunidade católica do vale do Juruá que seguirá com suas atividades presenciais suspensas.

O Pastor Carlos Alberto, da Igreja Assembleia de Deus, lembra que mesmo antes da decisão do ministro do STF e também do governo do Estado de estabelecer protocolos e baixar o decreto restringindo as celebrações nos finais de semana, bem antes, na igreja, os cultos estavam sendo realizados on line e na semana com um número menor que os 20% permitidos.

“Durante a semana trabalhamos com apenas 5% dos fieis, mas com o uso constante da máscara, do distanciamento social, álcool em gel e todos os outros cuidados sanitários orientados pelas autoridades, além da higienização do ambiente. Aos domingos vamos continuar trabalhando de forma on line, sempre a favor da vida”, afirma o pastor.

Carlos Alberto avalia que ainda não se sabe o que vai acontecer, mas a tendência é que a liminar monocrática do Ministro do STF seja derrubada no Plenário. “A nossa preocupação principal não é de estar trabalhando o politicamente correto, mas sempre a favor da vida porque entendemos o perigo da doença e da atual dificuldade”, disse.

O pastor ressalta também que para reconquistar os prejuízos da pandemia é preciso estar com vida e que apesar de em Cruzeiro do Sul a situação está melhorando, o Hospital de Campanha está sempre lotado e mesmo sendo por pessoas de outros municípios a situação ainda é muito grave e que ainda não tem condição de retornar com os cultos presenciais.