Cruzeiro do Sul, Acre, 24 de novembro de 2024 02:00

Morre o cacique Fernando Katukina liderança maior de seu povo nos últimos tempos

Cacique Fernando Katukina foi o primeiro indígena a ser vacinado na campanha contra a Covid-19 encerra sua passagem terrena

O cacique Fernando Rosas da Silva Katukina, liderança política mais destacada e atuante do povo Katukina da Terra Indígena (TI) do Rio Campinas, que tem sua terra localizada na BR-364, em Cruzeiro do Sul, morreu na madrugada desta segunda-feira (01), por volta das 3:40 horas.

Fernando Katukina sofria de diabetes há alguns anos e nos últimos tempos estava visivelmente debilitado, como pode ser visto no ato inaugural da Vacina Covid-19 realizado pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul e Governo do Estado onde foi o primeiro indígena da região a ser vacinado.

Segundo as informações a morte de Fernando foi em decorrência do diabetes que muito debilitou sua saúde nos últimos tempos. Ele morreu na aldeia onde morava.

Fernando Rosa da Silva Katukina, chamado na língua de seu povo de “Kapi Icho”, tinha 55 anos, era casado, professor do Ensino Médio e um ativista político que teve atuação destacada na articulação com os governos do Estado e municipal na defesa dos interesses de sua etnia.

Militante político, Fernando, sempre estava presente nas eleições municipais e estaduais e em algumas delas foi candidato. Em 2016 foi candidato a vereador pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Da década de 70 datam dois eventos que contribuíram de forma determinante na localização contemporânea das aldeias da etnia Katikina: a abertura da BR-364 (Rio Branco-Cruzeiro do Sul) e a chegada da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) para atuar junto aos Katukina do rio Gregório.

Com o início da obra da BR-364, parte do grupo que havia na década anterior se estabelecido próximo da foz do Riozinho da Liberdade deslocou-se para trabalhar junto ao 7º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção) no desmatamento para a construção da estrada; e também outros deslocaram-se do rio Gregório.

Após o término do desmatamento, os Katukina obtiveram autorização do 7º BEC para morar às margens da estrada, que eles julgavam um bom local devido à proximidade da cidade de Cruzeiro do Sul, onde, tinham a esperança, poderiam vender facilmente o que produzissem e obter os bens industrializados de que necessitassem.

Aqueles que voltaram ou permaneceram na aldeia do rio Gregório viam nos missionários (MNTB) uma possibilidade de assistência médica e educacional regular.

A partir da metade da década de 1980, após tantos anos de perambulação e deslocamentos, os Katukina viram garantido o direito à posse do território onde habitavam e romperam os vínculos que os ligavam aos patrões seringalistas.

Nossas condolências ao povo indígena Katukina, da TI do Rio Campinas,  enlutado pela morte de sua liderança maior.