Cruzeiro do Sul, Acre, 13 de janeiro de 2025 07:02

Americanas vão quebrar? Qual o tamanho da crise depois do rombo de R$ 20 bilhões e o que esperar

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Após a crise do rombo de R$ 20 bilhões no balanço das Americanas, muita gente pergunta se a empresa vai fechar. Na sexta-feira, houve uma decisão da Justiça que menciona uma potencial dívida de R$ 40 bilhões e aponta para um pedido de recuperação judicial.

O que aconteceu

Na quarta-feira (11), a empresa anunciou “inconsistências” de R$ 20 bilhões no balanço.

Na sexta-feira (13), o juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª vara empresarial do Rio, concedeu uma medida de tutela de urgência cautelar, dando 30 dias para que a empresa possa decidir se vai pedir recuperação judicial.

Na decisão, o juiz informa que as Americanas alegaram o risco de seus credores pedirem o vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas.

Para evitar a quebra da empresa, o juiz suspendeu essa possibilidade por 30 dias.

O que vai acontecer agora

É possível que as Americanas peçam recuperação judicial. Nessa situação, a empresa é autorizada pela Justiça a suspender o pagamento de dívidas.

Mas para isso ela tem de apresentar um programa de recuperação financeira. Se o programa não for cumprido, sua falência pode ser decretada.

A empresa tem se reunido com credores para negociar alguma saída.

Os acionistas de referência das Americanas -os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, sócios do 3G Capital- estariam dispostos a atuar na capitalização da empresa. Mas, a princípio, não fariam isso sozinhos.

Uma alternativa é que a empresa recorra a um follow-on, ou seja, uma nova oferta de ações. Em outras palavras, parte da empresa seria vendida para arrecadar capital.

Mas, para dar certo, o mercado precisa estar disposto a comprar essas ações em um cenário nada favorável para a empresa.

O modelo também pode não agradar aos atuais acionistas, que já tomaram um tombo com a queda de quase 80% da ação na quinta-feira (12).

No follow-on, os atuais investidores ou são diluídos (sua participação fica menor) ou precisam entrar com dinheiro para manter sua posição.

Se a captação de recursos não ocorrer conforme o esperado, o cenário fica mais nebuloso.

Dentre as possibilidades, estão a consolidação, ou seja, a venda ou fusão com outra empresa, a renegociação com os credores e a recuperação judicial.

Dada a dificuldade de captar dinheiro via outras fontes, a companhia pode estar tentando obter recursos dos acionistas-chave.

Não vai ser fácil a companhia convencer o mercado a dar mais dinheiro pra ela.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

Como fica a empresa

Seja qual for a solução, a empresa vai apertar o cinto e buscar ficar mais enxuta para economizar. O investimento tende a diminuir, assim como o capital de giro.

Com isso, as Americanas podem ter uma redução em seu estoque e no número de fornecedores.

Ainda nessa frente, as possibilidades incluem fechamento de lojas menos eficientes e venda de bens.

Já há apreensão no varejo com essa possibilidade. As Americanas são importante ponto de fluxo de consumidores para shoppings fora dos grandes centros.

O modelo de negócio da companhia também pode passar por uma revisão. As Americanas já não viviam um bom momento.

A dívida da companhia pré-rombo já era alta e suas margens apertadas.

Eles atendem cidades menores de maneira muito ampla por conta do mix de produtos. O setor de shoppings está apreensivo, aguardando maiores informações.

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvea Malls.