Cruzeiro do Sul, Acre, 13 de janeiro de 2025 07:01

Anderson Torres, chega a Brasília vindo de Miami e é preso depois de desembarcar no aeroporto

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, no Palácio do Planalto, em evento em 2021 Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, foi preso na manhã de hoje no aeroporto de Brasília. Torres estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, e seu voo chegou ao Brasil por volta das 7h20. A prisão havia sido decretada por Alexandre de Moraes, do STF, na terça (10).

Segundo passageiros, o ex-ministro saiu do avião escoltado por policiais federais antes dos demais viajantes. A Polícia Federal confirmou que Torres recebeu voz de prisão no hangar da corporação. Em seguida, foi levado do aeroporto para o 4º batalhão da Polícia Militar do DF, onde permanece provisoriamente.

Por determinação de Moraes, a audiência de custódia será realizada online —e vai definir onde Torres ficará preso. A defesa do ex-ministro, representada por Rodrigo Roca, chegou ao batalhão pouco depois das 12h30.

Às 9h33, a PF divulgou nota oficial. “Ele, que é policial federal, foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Brasília e encaminhado para a custódia, onde permanecerá à disposição da Justiça”, diz o texto. “As investigações seguem em sigilo.”

Defesa. Na noite de ontem, usando máscara e boné, Torres foi escoltado pela polícia de Miami enquanto embarcava para o Brasil. Ele já havia anunciado que iria voltar da viagem antes do previsto.

Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao Brasil. Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa. Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na Justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá.”

‘Atos e omissões’. O ex-ministro de Bolsonaro foi exonerado da Secretaria de Segurança do DF no domingo (8), depois que bolsonaristas golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes —o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF. No cargo, Torres era responsável pela Polícia Militar, que não conteve os ataques.

Para o governo federal, há indícios de negligência por parte do comando da segurança na capital federal.

A prisão foi decretada a pedido da AGU (Advocacia-Geral da União). Moraes também autorizou busca e apreensão na casa do ex-ministro.

Durante a operação, agentes da PF encontraram uma proposta de decreto para reverter o resultado da eleição.

Torres disse que o documento foi tirado de contexto e seria inutilizado.

No Brasil, ele deverá esclarecer quem redigiu o texto e em quais circunstâncias.

Ainda nesta semana, o Planalto recebeu informações sobre um encontro de Torres e Bolsonaro em Orlando.

Nomeação controversa. Torres já havia sido secretário de Ibaneis Rocha (MDB-DF) antes de ser indicado como ministro de Bolsonaro. Voltou ao cargo no início deste ano, apesar de aliados de Ibaneis desaconselharem a nomeação.

No domingo, após a invasão e a depredação dos Três Poderes, Ibaneis foi afastado do governo por 90 dias. Em depoimento, ontem, ele negou negligência e disse que não foi informado dos riscos das manifestações.

A carreira de Anderson Torres:

Foi papiloscopista da Polícia Civil de Goiás.

Delegado da PF desde 2003, foi diretor de assuntos legislativos da ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal), sendo responsável por fazer lobby no Congresso pelos interesses da categoria.

Também foi chefe de gabinete do então deputado federal Fernando Francischini (União Brasil-PR), um dos principais líderes da bancada da bala e um dos poucos amigos de Bolsonaro na Câmara.

Por meio de Francischini, aproximou-se do ex-presidente e da família.

Chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no início do governo, mas foi atropelado pelo convite ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR).