Debate sobre representatividade leva cineasta a trocar atriz cisgênero por trans no papel de Geni em novo filme inspirado na música de Chico Buarque
A diretora Anna Muylaert reverteu a decisão de escalar uma atriz cisgênero para o papel principal de Geni e o Zepelim, seu próximo filme inspirado na música de Chico Buarque. A mudança foi divulgada neste sábado (data) pela produtora Migdal Filmes, que afirmou em nota:
A personagem, inicialmente concebida como mulher cis, será agora uma mulher trans/travesti, interpretada por uma atriz trans”.
O anúncio ocorre após intensas críticas nas redes sociais, onde artistas como Liniker, Majur e Camila Pitanga questionaram a escolha original, argumentando que excluía atrizes trans de um papel historicamente ligado à comunidade LGBTQ+ — como na peça A Ópera do Malandro (1978), onde Geni é uma travesti.
Em vídeo, Muylaert pediu desculpas às pessoas trans que se sentiram ofendidas e à atriz Thainá Duarte, inicialmente escalada, que teria recebido comentários hostis. A cineasta explicou que sua primeira opção partia de uma leitura da música como aberta a interpretações, mas reconheceu a importância do debate:
A decisão final veio da escuta e do aprendizado com diversos setores da sociedade”.
A polêmica reflete discussões sobre representatividade no cinema, especialmente quando obras retratam personagens marginalizados. O filme, ainda em pré-produção, não tem data de lançamento definida.