Londres — Embora tenha se tornado monarca desde a morte da mãe, Elizabeth II, Charles Philip Arthur George foi proclamado oficialmente rei Charles III neste sábado (10/9). Pela primeira vez, a TV transmitiu o evento.
A cerimônia do Conselho de Ascensão aconteceu nos Apartamentos de Estado do Palácio de St. James, em Londres. Na primeira parte, o rei não esteve presente. Na segunda, assim que foi convidado a participar da reunião, Charles III disse que tentará seguir o exemplo de Elizabeth II.
“Minha mãe deu um exemplo de amor ao longo da vida e de serviço altruísta. O reinado de minha mãe foi inigualável em sua duração, dedicação e devoção. Vou tentar seguir o exemplo inspirador que recebi, mantendo o governo constitucional e a paz. Prometo dedicar o resto da minha vida a esta tarefa pesada que me coube”, ressaltou.
A cerimônia foi aberta com o Garter King of Arms (Rei das Armas Principal, em tradução livre) lendo a primeira e oficial proclamação do novo monarca. Trombetas tocaram anunciando o hino God Save The King (Deus salve o rei), e o público aplaudiu. As bandeiras estão hasteadas completamente (e permanecerão assim pelas próximas 24 horas), e saudações reais foram disparadas no Hyde Park e na Torre de Londres, nos primeiros 10 minutos da solenidade.
A celebração é considerada como marcante, porque uma pequena quantidade de cidadãos teve permissão para entrar na área do Friary Court. É a primeira vez que o público conseguiu acesso ao local. É um momento raro.
Após a proclamação no Friary Court, por volta das 11h20, os trompetistas do Estado e os Arautos formaram uma procissão de veículos. Eles se direcionaram para o Royal Exchange na Cidade de Londres, onde outra proclamação foi lida.
Antes do início da cerimônia, o evento reuniu pessoas ao redor do Buckingham Palace. Turistas e moradores se posicionaram atrás das grades para prestar respeito e homenagem à realeza. O público era majoritariamente adulto, mas muitas famílias com crianças foram vistas no local.
O clima não era mais de luto, como na última sexta-feira (9/9), mas sim de expectativa e curiosidade para ver o rei Charles III e sua esposa, a rainha consorte Camilla, caso eles aparecessem em público.
Não sabemos se o rei Charles vai aparecer aqui hoje, mas vamos ficar por aqui até vê-lo”, disse uma mulher. Até os policiais responsáveis por organizar a segurança do local não sabiam se o novo rei iria passar pelo The Mall, avenida principal que leva ao Palácio de Buckingham.
Isso, porém, não desanimou o público. O britânico Simon Jupp, 53 anos, e sua esposa viajaram uma hora até Londres para a celebração pública. “Nós precisávamos estar aqui neste momento. O clima da cidade está convidativo e tranquilo, é bonito de se ver.”
Sobre como será o novo reinado, ele aposta: “Eu acho que Charles vai ser um ótimo rei. Apesar de estar lidando com o luto de seus pais, que morreram em períodos tão próximos, ele tem postura, e tem se preparado desde o nascimento para este título”. Jupp também elogiou o governo de Elizabeth II. “Ela foi uma mulher admirável. Fez muito pelo Reino Unido e pela Commonwealth.”
Quem é Charles
Charles nasceu no Palácio de Buckingham, às 21h14 de 14 de novembro de 1948. Como herdeiro do trono britânico, recebeu inúmeros títulos de nobreza. De acordo com as regras palacianas, era identificado oficialmente como His Royal Highness Prince Charles Philip Arthur George, Prince of Wales, Duke of Cornwall, Duke of Rothesay, Duke of Edinburgh, Earl of Chester, Earl of Carrick, Earl of Merioneth, Baron of Renfrew, Baron Greenwich, Lord of the Isles and Great Steward of Scotland, KG, KT, GCB, OM, AK, QSO, CC, PC, ADC.
O mais importante deles, antes da coroa, foi o título de príncipe de Gales. Charles recebeu a honraria em 1958, aos 10 anos de idade. Com a morte do pai, o príncipe Philip, Charles também herdou o título de duque de Edimburgo.
Charles foi o primeiro herdeiro à realeza a ter se formado em uma universidade – graduou-se pela Trinity College em 1970 (onde estudou antropologia, história e arqueologia), antes de seguir carreira militar bem-sucedida, que se estendeu até 1976.
Casamento com Diana
Seu primeiro casamento foi com a princesa Diana Spencer, em 29 de julho de 1981. A cerimônia ostentosa para 3 mil convidados na Catedral de St. Paul foi, para todos os efeitos, também um sucesso de audiência: 750 milhões de pessoas em 74 países acompanharam o evento pela TV.
O apelidado “casamento do século” foi encarado, na época, como uma dessas histórias dignas de contos de fadas. O romance dos dois começou com uma visita de Charles a Althorp, propriedade da família Spencer, que deixara Diana encantada.
Após uma temporada estudando na Suíça, a jovem (cerca de 12 anos mais nova que Charles) só voltaria a ver o príncipe – que, à época, tinha 30 anos – em uma festa em 1980 (na ocasião, Charles ainda lamentava o destino de seu mentor, lord Louis Mountbatten, morto em um atentado um ano antes). O matrimônio entre os dois foi fomentado pela rainha, amiga da avó de Diana.
Longa espera
Atualmente com 73 anos, Charles tinha apenas três quando a mãe se tornou rainha – Elizabeth II reinou por sete décadas.
Na empreitada de assumir o trono, Charles conta com a ajuda de Camilla, com quem se casou em 2005. Apontada como amante enquanto o atual rei era casado com Diana, ela foi vista como vilã por vários anos.
Em terras brasileiras
Charles esteve no Brasil quatro vezes – a primeira foi em 1978; a segunda, ao lado da princesa Diana, em 1991; a terceira em 2002; e, na última visita, em 2009, veio acompanhado da atual esposa.
Polêmicas do rei
Charles chega à beira do trono mergulhado em um escândalo recente: a revelação de que recebeu 3 milhões de euros, em dinheiro vivo, de Hamad bin Jassim bin Jaber Al-Thani, da família real do Catar (taxadas como generosas doações do xeque a entidades filantrópicas patrocinadas pelo príncipe).
Em três encontros entre 2011 e 2015, maços de 500 euros passaram da mão de um para o outro, dentro de maletas. Em outro episódio, o repasse foi feito em sacolas da Fortnum & Mason, loja de luxo que fornece chá e mantimentos para a família real britânica.
Antes dessas doações, a fundação de Charles já vinha sendo investigada por ter aceitado contribuições de um príncipe saudita posteriormente condecorado com títulos da nobreza britânica.
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