Cruzeiro do Sul, Acre, 28 de novembro de 2024 23:55

Ao tomar posse, Marina cita JV e anuncia nova estrutura do Ministério do Meio Ambiente

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Sem a presença do presidente Lula, a cerimônia teve a participação de nomes importantes do novo governo

A acreana Marina Silva tomou posse como ministra do Meio Ambiente, nesta quarta-feira (03), em uma cerimonia lotada em Brasília. Em um longo discurso e crítico ao governo Bolsonaro, Marina citou o ex-governador Jorge Viana, homenageou Chico Mendes e anunciou a nova estrutura do Ministério do Meio Ambiente, com uma série de mudanças.

Sem a presença do presidente Lula, a cerimônia teve a participação de nomes importantes do novo governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, a primeira-dama Janja Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que disse o ministério do Meio Ambiente será convidado a participar de todos os projetos do governo.

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Durante o pronunciamento, Marina disse que o Brasil, durante o governo Bolsonaro, deixou de ser protagonista nas decisões políticas ambientais mundiais e se tornou uma “pária internacional”. Segundo ela, o país viveu um total desrespeito pelo patrimônio socioambiental. “Quilombolas e povos indígenas sofreram a invasão de suas terras e seus territórios. Nossas unidades de conservação foram atacadas por pessoas que se sentiam autorizadas pelo mais alto escalão do governo. Boiadas se passaram no lugar onde deveriam passar apenas políticas de preservação ambiental [uma resposta a declaração do ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles]”.

A ministra declarou estar vivendo um misto de emoções, alegria por assumir a pasta e preocupação com a atual situação do país deixada pelo governo Bolsonaro. “Sou tomada pelo estarrecimento e tristeza em ver que este palácio onde estamos, foi palco nos últimos anos de vários atos contra a própria democracia, contra o povo, contra a ciência e a saúde, contra o Meio Ambiente, enfim, contra a própria vida”.

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Antes mesmo da cerimônia iniciar, uma multidão de pessoas foi vista para acompanhar a posse da ministra, considerada uma das mais concorridas até agora, no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

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Marina disse que a política ambiental será prioridade no novo governo. Veja trechos importantes do discurso da ministra:

Jorge Viana

Mesmo não recebendo os parabéns quando foi anunciada ministra, Marina citou o ex-governador Jorge Viana durante a posse. Ao falar sobre os trabalhos do grupo de Meio Ambiente, realizados durante a transição do governo Lula, Marina agradeceu JV e chamou ele de “meu amigo”.

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Chico Mendes

Logo no início do discurso, Marina dedicou a posse ao líder seringueiro acreano Chico Mendes. Ao falar sobre lideranças indígenas e ambientais mortas durante o governo passado, como o ambientalista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, Marina disse que o cenário não é recente, e lembrou do inicio da luta ambiental no Acre, aos 18 anos, quando presenciou a morte de outras lideranças, como Chico Mendes, ao qual chamou de “amigo querido”.

A neta de Chico Mendes, Angélica Mendes, participou da cerimônia.

Lula

Citando várias vezes Lula, Marina disse que se sentiu emocionada durante a posse e orgulhosa ao ver, logo no primeiro dia do governo, a assinatura de vários decretos em prol da pasta do Meio Ambiente.

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“Agradeço ao presidente Lula que pela terceira vez ter me convidado, para contribuir com a política ambiental brasileira”.

Nova estrutura do ministério

Durante o governo Bolsonaro, o Ministério do Meio Ambiente perdeu diversos órgãos importantes para a preservação ambiental. Segundo Marina, essas ações “foram um processo de esvaziamento e enfraquecimento dos órgãos ambientais”.

Marina informou que essas pastas serão devolvidas ao MMA. São elas: Agência Nacional de Águas (ANA) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Anteriormente, Bolsonaro havia transferido as pastas para serem comandados pelo Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Regional.

Além disso, Marina assegurou que outras instituições que fazem parte do Ministério serão fortalecidas, como: Ibama e Icmbio, onde, segundo ela, “servidores foram perseguidos, demitidos, maltratados ou desautorizados em plenas operações de fiscalização”.

Marina informou ainda sobre o novo nome do Ministério, que passa a se chamar agora Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima. De acordo com ela, a mudança se deu por conta da urgência do assunto. “Talvez o maior desafio global vivido presentemente pela humanidade”.

A nova ministra anunciou ainda a criação de quatro novas secretarias que serão vinculadas ao Ministério: de Combate ao desmatamento, de Bioeconomia e Recursos Genéticos, de Gestão Ambiental Urbana, de Povos de comunidades tradicionais. Além do cargo de Autoridade Climática, uma autarquia que será criado em março e já teve o ex-governador Jorge Viana (PT), cotado para assumir.

Marina encerrou o pronunciamento pregando a união do país e lembrando sobre a importância das nossas florestas. “Sem a natureza a gente não vive. Só os negacionistas não reconhecem o imperativo ético dessa agenda ambiental”.