“A luta de mulheres como Marina não é apenas dela; é de todas nós”
Os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher e o Combate à Violência Política de Gênero é uma oportunidade crucial para refletirmos sobre as diversas formas de violência que atingem mulheres em todo o mundo.
Essa campanha, realizada anualmente, reforça a necessidade de ações concretas para enfrentar um problema sistêmico e multifacetado, que se manifesta nos lares, nas ruas, nas instituições e nos espaços de poder.
Entre as muitas formas de violência, a violência política de gênero merece atenção especial.
Trata-se de uma expressão cruel do machismo estrutural que tenta limitar o acesso das mulheres a espaços de decisão, utilizando estratégias como desqualificação, ridicularização ou deslegitimação de suas capacidades e propostas. Apesar de avanços legislativos recentes, essa forma de violência persiste e se intensifica em períodos eleitorais.
No contexto atual das eleições da OAB/AC, testemunhamos práticas que ultrapassam a legítima disputa de ideias e propostas.
Mulheres como a candidata Marina Belandi vem sendo alvo de ataques que não questionam sua legitimidade enquanto líder, unicamente por ser mulher.
Esses atos, disfarçados de críticas políticas, revelam um preconceito profundo: a resistência em aceitar mulheres em espaços historicamente dominados por homens.
A violência política de gênero não prejudica apenas as mulheres diretamente atingidas. Ela desencoraja outras a buscarem posições de liderança, perpetuando a exclusão e a desigualdade.
Quando mulheres são ridicularizadas, desacreditadas ou atacadas pessoalmente, toda a sociedade perde, pois se restringe a diversidade de perspectivas e soluções indispensáveis para o progresso social.
A candidatura de Marina e sua resistência a esses ataques simbolizam algo maior: a luta de todas as mulheres que reivindicam seu lugar a mesa, com voz, respeito e igualdade. Nesse sentido, a campanha dos 21 Dias de Ativismo nos convoca a uma reflexão mais ampla sobre nosso papel enquanto sociedade – e, no caso específico da OAB, enquanto guardiã da justiça e da democracia – na promoção de espaços verdadeiramente inclusivos e igualitários.
Não podemos permitir que a violência política de gênero seja normalizada ou negligenciada. Combatê-la não é apenas um ato de solidariedade, mas uma defesa do princípio democrático que garante igualdade de condições a todas e todos. É, também, uma afirmação de que o futuro da advocacia, e de qualquer esfera de poder, só será pleno quando for plural e diverso.
A luta de mulheres como Marina não é apenas delas; é de todas nós.
Que os 21 Dias de Ativismo sejam um chamado à ação, para que juntas possamos construir uma sociedade mais justa, onde as mulheres ocupem, com respeito e segurança, os espaços que lhes pertencem por direito.
*Isnailda Silva
Advogada, ativista e especialista em Direitos da Mulher.