Novos números publicados pela ONU na noite desta quinta-feira revelam que a grande maioria das mortes na Faixa de Gaza, desde o dia 7 de outubro, é composta por mulheres e crianças. Os dados ainda revelam como, sem local para guardar esses corpos, palestinos estão enterrando pessoas sem identificação em valas comuns.
De acordo com a entidade, 3,8 mil palestinos morreram em ataques realizados sobre a região. Desses, 1,5 mil são crianças e 1,4 mil são mulheres. Existem ainda 12,5 mil palestinos feridos.
A informação é apresentada no dia em que sete relatores da ONU denunciaram Israel por “crimes contra a humanidade”. Eles ainda alertam que, se a ofensiva e o cerco não forem revisto, há um “risco de genocídio” da população palestina.
O número de mortes relatado em Gaza durante os 13 dias de guerra é cerca de 60% maior do que o número total de mortes durante a escalada de 2014, que durou mais de 50 dias e deixou 2.251 mortes.
Além disso, estima-se que centenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças, ainda estejam presas sob os escombros, aguardando resgate ou recuperação.
ONU
“As equipes de resgate, principalmente da Defesa Civil Palestina, estão lutando para cumprir sua missão, em meio a ataques aéreos contínuos, grave escassez de combustível para operar veículos e equipamentos e com conexão limitada ou inexistente a redes móveis”, afirmou.
De acordo com a ONU, ataques aéreos israelenses atingiram as proximidades de duas padarias, onde muitas pessoas, inclusive mulheres e crianças, estavam na fila. O ato matou 20 pessoas na cidade de Gaza.
Falta de espaço para corpos
Aos poucos, a ONU vai também descobrindo uma realidade dramática. Segundo o informe, em 15 de outubro, cerca de 100 corpos não identificados foram enterrados em uma vala comum em Rafah devido à falta de espaço refrigerado para armazená-los até que os procedimentos de reconhecimento sejam realizados.
“Essa medida foi tomada após preocupações ambientais e de indignidade humana relacionadas à decomposição dos corpos”, disse.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, até 18 de outubro, 79 famílias haviam perdido dez ou mais de seus membros; 85 famílias haviam perdido de 6 a 9 membros, e 320 famílias haviam perdido de 2 a 5 de seus membros.
30% das residências afetadas
Houve a destruição de 12.845 unidades habitacionais e a inabitabilidade de 9.055 unidades habitacionais, segundo informe da ONU a partir de dados do Ministério de Obras Públicas de Gaza.
Outras 121.000 unidades habitacionais sofreram danos leves a moderados. O número total de unidades habitacionais destruídas ou danificadas corresponde a pelo menos 30% de todas as residências da Faixa de Gaza.
Outro impacto é na capacidade de comunicação da população. Segundo a entidade, 83% dos usuários de linha fixa estão desconectados em Gaza; 54% dos locais de linha fixa estão desconectados e 50% das principais linhas de internet de fibra óptica não estão operacionais.
“Isso é resultado dos danos à infraestrutura e da falta de combustível. Os bombardeios resultaram em cortes em dois dos três cabos de fibra que saem de Gaza, um dos quais foi consertado depois que as autoridades israelenses concederam à empresa um prazo de duas horas para que a equipe consertasse um cabo de fibra”, completou.