Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, seis familiares de seis pacientes da Prevent Senior relataram que seus parentes, internados no hospital ou se tratando em casa contra a covid-19, receberam e ingeriram medicamentos do “kit covid” e, depois, morreram. Até o momento, segundo o promotor Everton Luiz Zanella, seis familiares foram ouvidos pelo MP, mas ainda faltam testemunhas.
Até o momento, segundo o promotor Everton Luiz Zanella, seis familiares foram ouvidos pelo MP, mas ainda faltam testemunhas. De acordo com Zanella, eles são parentes de nove pacientes que estão em um dossiê entregue à CPI da Covid.
Os nove faleceram enquanto participavam de um suposto estudo da rede hospitalar para testar a eficácia dos remédios. Conforme noticiou a GloboNews, que revelou os casos, dos nove pacientes que morreram, seis teriam tomado hidroxicloroquina e azitromicina; dois não teriam ingerido as medicações; e não há informação se o último paciente ingeriu ou não a medicação.
“O que a gente já ouviu foram familiares que falaram que houve uso desses medicamentos de ineficácia comprovada e que as pessoas faleceram na rede hospitalar ou em casa, tomando os medicamentos indicados”, afirmou Everton Zanella. “Mas temos que verificar pericialmente se esse uso de medicação efetivamente leva a óbito”, completou.
Os promotores afirmaram que um dos objetivos da força-tarefa do MP, criada justamente para o fim de investigar a Prevent Senior, é averiguar se as pessoas que morreram após tomar esses medicamentos faleceram de fato por efeito colateral das drogas, que possuem reações adversas graves.
“Um dado importante é verificar se a pessoa era cardíaca. Se ela ainda assim recebeu o medicamento, significa que alguém ali assumiu o risco [de morte], que o medicamento não é indicado”, disse o promotor Nelson dos Santos Pereira Junior.
Os familiares também relataram que os médicos que atenderam os pacientes afirmaram que os remédios do “kit covid” poderiam salvar suas vidas.
Segundo os promotores, a dificuldade principal é juntar provas do uso dos medicamentos pelos pacientes. Para isso, serão consideradas provas oferecidas pelas testemunhas e familiares, como exames, relatórios médicos, receitas e prontuários.
Após a formação da força-tarefa, afirma o MP, ao menos 12 pessoas enviaram denúncias de casos semelhantes envolvendo uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid oferecidos em hospitais da Prevent Senior.
A Prevent Senior virou alvo da CPI após ex-médicos da rede denunciarem o uso não autorizado de tratamentos ineficazes contra a Covid-19 em pacientes, a ocultação de mortes em pesquisas sobre a hidroxicloroquina e a adulteração de atestados de óbito em hospitais da rede.
A Prevent Senior nega as acusações e fala em perseguição por ex-funcionários da empresa. De acordo com o MP, a empresa já enviou uma primeira leva de documentos em sua defesa, que será analisada pelos promotores.