O Cine Romeu, um investimento do empresário cruzeirense Altervir Souza, teve que, como todas as atividades, paralisar a exibição de filmes no mês de março de 2020, devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19 que afetou consideravelmente toda rede de cinema mundial e nacional que ainda continuam impactadas.
“Estávamos trabalhando desde 2012 sem nenhuma interrupção, mas em fevereiro de 2020 a Agência Nacional do Cinema (Ancine) lançou uma nota alertando sobre a previsão de um tempo difícil que se avizinhava devido a pandemia que se concretizou e desde março de 2020 ficamos sem funcionar”, informa o administrador do cine Raimundo Oliveira (Neco).
Neco enfatiza que a pandemia atingiu com força toda rede de cinema e no período de paralisação foi feito um acordo com os cinco colaboradores e ficou sendo realizada a manutenção da sala do cinema e equipamentos no aguardo de uma diminuição dos casos da doença e sinal verde das autoridades da saúde para o retorno.
“Agora, retornamos, nossa sala de cinema tem 140 lugares e está funcionando com apenas 60% da lotação, um número bem reduzido para cumprir os protocolos de segurança orientados pelas autoridades como o distanciamento, uso de máscaras e álcool em gel e aos poucos vemos o público retornar a frequentar nossa sala de cinema”, disse.
Criado na esquina de um cinema na sua cidade natal, Manicoré, no Amazonas, Neco relembra que os filmes sempre se fizeram presentes na sua vida. Ele fez amizade com os donos, vivia no meio e quando chegou em Cruzeiro do Sul ficou muito feliz de saber que o empresário Altevir Souza montava uma sala de cinema.
Em 2012, depois de tentativas que não deram certo e uma paralisação Neco foi convidado para administrar o cinema e depois de conversar com a esposa aceitou a proposta que caiu como uma luva na sua paixão pelo cinema que em Cruzeiro do Sul trabalhava com fitas e um projetor Vitória de 35 mm. Com a digitalização a máquina ficou obsoleta para continuar
Na época as distribuidoras deram um ultimato informando que a produção de fitas 35mm estaria sendo encerrada com a digitalização dos cinemas brasileiros e ficaria muito difícil para continuar, momento que levou a situação ao empresário Altevir, que prontamente, como visionário, autorizou comprar os equipamentos para digitalizar o cinema.
“Tenho um amigo em Ji-Paraná (RO), dono de uma grande rede de cinemas que nos orientou com todas as informações e contatos para a montagem da sala digital e depois da autorização do senhor Altevir deslocou uma equipe à Cruzeiro do Sul para realizar todo o trabalho técnico e até agora fazem sua manutenção”, ressalta Neco.
Segundo Neco a sala de cinema de Cruzeiro do Sul surpreendeu e impressionou a equipe do empresário que veio montar a parte de projeção digital que com a mudança recebeu equipamentos de primeira qualidade. A sala de cinema de Cruzeiro do Sul é muito moderna, inclusive tem piso de madeira muito importante para a propagação do som.
As distribuidoras depois da pandemia estão apoiando bastante as salas de cinema para alavancar novamente as bilheterias, inclusive todos os cinemas brasileiros tem cota obrigatória de seis filmes nacional por ano, na avaliação do administrador uma decisão que valoriza e deu uma grande alavancada com filmes muito bons de público e de renda.
“Com o apoio do empresário Altevir a sala de cinema está mantida para prestigiar o público cruzeirense que se mantém fiel, apesar do retorno ainda estar sendo gradativo fruto de um trabalho realizado para despertar a atenção dos clientes com destaque para escolas, pessoas idosas e jovens muitos deles nunca tinham ido ao cinema”, disse.
Neco, que se considera um cinéfilo, porque gosta de estar informado do que está fazendo e presta no cinema um serviço personalizado no atendimento à sua clientela, sempre gosta de gravar o nome da pessoa que atende, trata todos com muito carinho e avalia ter um retorno muito bom de amizades dos clientes que se tornam amigos.
Atualmente o público ainda está reduzido e apesar do custo de logística devido à distância o administrador do Cine Romeu fez parcerias com as distribuidoras para o pagamento das despesas e mesmo assim, com a autorização do proprietário tem feito um trabalho social com o projeto Cinema Para Todos.
“Temos prestigiado os estudantes, pessoas idosas e crianças e depois da divulgação do projeto, lotou a agenda de exibições porque, por exemplo, o cinema é uma coisa que marca a vida de qualquer criança, mas também dos idosos que muitos deles nunca tinham frequentado uma exibição e também ficam encantados”, afirma.
Outro projeto do Cine Romeu, o cinema solidário, destacado por Neco como prioritário, atende pessoas que estejam necessitando de algum apoio para tratamento de saúde, por exemplo, lógico, depois de uma avaliação criteriosa e nestes casos toda a renda é doada à pessoa necessitada numa ação muito gratificante de atender.
“Tem um sábado do mês para essa sessão. Neste mês que se aproxima, no dia 10 de julho, já temos a primeira sessão beneficente programada para atender um paciente que precisa fazer uma cirurgia e necessita de ajuda de todos para o tratamento de saúde. Toda renda da exibição será doada, o ingresso custa apenas R$ 10,00”, destaca ao convidar todos.
Ao concluir Neco destaca que o empresário Altevir Souza é um visionário, pessoa simples da comunidade que nasceu num seringal em Porto Walter, teve uma vida intensa de trabalho no Exército e depois investiu todos os seus recursos em Cruzeiro do Sul em alguns segmentos empresarias que beneficiam à população.
“Sempre digo que o empresário Altevir é o meu paitrão, ele sempre pergunta como está o trabalho, é um empresário que investe sempre no equipamento de melhor qualidade e está entre os visionários, no caso dele com a sétima arte, que é o cinema. Sou muito grato à Cruzeiro do Sul que recebeu a mim a minha família com muito carinho”, agradece.
Raimundo Nonato, popular Neco, é amazonense, nasceu em Manicoré, é o esposo da senhora Marluce, ex-funcionária do Banco do Brasil. Eles têm um casal de filhos e chegou em Cruzeiro do Sul em setembro de 2003 como representante de uma empresa de medicamentos e se considera um apreciador de um bom café e de boas amizades.
“Me encontrei aqui nesta terra maravilhosa e já convivo em Cruzeiro do Sul há mais tempo do que na minha cidade, inclusive sou cruzeirense titulado (risos). Adoro morar nesta terra de muitas ladeiras, que tem o Igarapé Preto, aqui perto a Serra do Môa, a melhor farinha do mundo e sou um embaixador do município quando falo das suas belezas”, destaca.
Neco ressalta que recebe muitos amigos de Manaus e de outros lugares do Brasil e quando eles chegam em Cruzeiro do Sul faz questão de levá-los para conhecer as ladeiras. “Sou também amante do ciclismo e do motociclismo e encantado pela cidade. Gosto muito de falar com as pessoas e com a pandemia tive que parar um pouco mais, isso porque naquele momento era importante para cuidar da família”, finaliza.