Cruzeiro do Sul, Acre, 24 de dezembro de 2024 12:20

Creas realizará programação alusiva ao Dia Internacional de Combate ao Abuso e Exploração Infantil comemorado em 18 de Maio

site madson

O Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), da Secretária de Assistência Social da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, prepara atividades alusivas ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Infantil que iniciarão neste dia 14 com programação especial, no centro da cidade, informa o coordenador, Madson Cameli.

O coordenador informa que a equipe técnica da Secretaria de Assistência Social está preparada para atender e orientar a população para o grave problema social e vai aproveitar o fluxo grande de pessoas no centro da cidade para montar um estande, em parceria com a Subseção do Vale do Juruá, da Ordem dos Advogados do Brasil do Acre (OAB-AC).

Na campanha serão realizadas orientações por psicólogas e assessoria jurídica do representante da Subseção do Vale do Juruá da OAB/AC sobre a problemática do abuso e exploração infantil que, infelizmente faz parte do cotidiano brasileiro e também do município de Cruzeiro do Sul com números preocupantes de casos.

“Quem passa pelo constrangimento e abuso precisa de acompanhamento e orientação as vezes não sabe a quem recorrer e justamente estaremos lá para dar esse suporte, direcionamento e o encaminhamento correto a pessoa. Sabemos que muitas pessoas sofrem esse tipo de abuso e o crime muitas vezes não é denunciado”, avalia o coordenador.

Em Cruzeiro do Sul 51 atendimentos de abusos e exploração de crianças e adolescentes foram registrados em 2020 e entre as crianças abusadas 25 delas tinham alguma deficiência.

“Infelizmente é uma informação real do município de Cruzeiro do Sul, isso somente o que chegou até nós, porque os números reais eles não são totalmente registrados no CREAS porque as vezes ficam na delegacia ou em sigilo e somente sabemos daqueles que atendemos às vítimas. O Creas tem participação no cuidado das vítimas e seus familiares”, disse.

Madson Cameli ressalta que quando alguém tiver conhecimento de um abuso ou exploração de uma criança ou adolescente, porque normalmente a criança dificilmente vai saber denunciar, mas quando um parente, vizinho, amigo, ou o próprio familiar, quando a agressão não for dentro de casa, é necessário fazer a denúncia.

“O disque 100 é o número nacional para denúncias, o 190 é o de referência da emergência e o do Creas é 3322-5028 ou pode fazer a denúncia no Conselho Tutelar. Esses são os quatro canais de denúncia. Denunciando ao Creas iremos automaticamente entrar em ação com o Ministério Público (MP), para tomarmos as medidas que são possíveis perante a lei”, orienta.

O coordenador ressalta também que depois do Creas tomar conhecimento do crime protagoniza um trabalho de cuidados com as vítimas do abuso que deixa muitas sequelas para o resto da vida da criança ou adolescente e vai reviver o fato por muito tempo e isso pode mudar o curso de sua vida.

Depois de receber a denúncia o Creas presta atendimento com psicóloga e assistente social que atendem a vítima e sua família, além de levantar dados, pesquisa e visita ao local, para ver a realidade e a situação da vítima. Pela carência no Conselho Tutelar tem registro de casos de pais e mães que permitem abuso em troca de alguma coisa ou dinheiro.

“Isso também faz parte da campanha porque é exploração sexual. O sexo em troca de alguma coisa permitida por um responsável, inclusive agora há pouco estava com um amigo e ele me falava de uma situação de uma menor de idade que faz sexo em troca de um celular. Isso é crime e lutamos para conscientizar a população contra isso”, afirma.

A questão do sigilo da pessoa que denuncia um abuso ou exploração é abordada pelo secretário que garante que as pessoas tem medo de fazer ao citar o caso de uma menina de 11 para 12 anos que foi estuprada por elementos de uma facção e o caso ficou sem denúncia, mas depois de tomar conhecimento o Creas entrou em ação.

“Agora, acompanhamos a menina. É um alerta para todos, se você ver alguma coisa ou desconfiar, não precisa você ver o fato, se você desconfiar você tem que denunciar e entramos em ação, acionamos as autoridades e o Conselho Tutelar responsável pela apuração do crime”, esclarece.

O coordenador destaca também que em Cruzeiro do Sul tem uma casa abrigo para acolher as vítimas de abuso de violência sexual onde estão abrigadas meninas e mulheres que sofreram abuso, inclusive crianças estão acolhidas na casa e orienta que quando uma mãe desconfiar de abuso ela precisa imediatamente fazer a denúncia.

“A mãe desconfia que ocorreu um abuso ou do padrasto abusando? Denuncia, liga para o Disque 100, tem o 190, tem o Creas, o Conselho Tutelar que é mantido o sigilo total porque estudos comprovam situações que a criança ou o adolescente tem essa vulnerabilidade sendo necessário o adulto agir imediatamente”, ressalta.

Ao concluir Madson Cameli orienta que quando uma criança está sendo abusada se pode perceber pelas suas atitudes e ações, a criança se fecha, tem excesso de raiva e demonstra vários sinais que denunciam que está passando por uma situação de abuso, algo que fica muito perceptível para quem está próximo.

Conselheira Tutelar, Eliana Teles

A Conselheira Tutelar Eliana Teles confirma que infelizmente um grande número de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes chegam ao Conselho Tutelar e os conselheiros imediatamente entram em ação para averiguar a veracidade e encaminha o caso através de ofício à delegacia especializada para a investigação e as medidas cabíveis.

“Constatamos que a maioria dos casos acontecem no âmbito familiar e muitas das vezes a responsável pela criança não a apoia e não acredita no relato da filha para proteger o esposo e acaba sendo negligente com a mesma. É dever da família garantir com absoluta prioridade a efetivação de todos os direitos, mas acabam sendo negligentes”, destaca.

A conselheira informa ainda que as crianças e adolescentes vítimas de violência sexual também são encaminhadas ao Creas para o acompanhamento psicológico e os casos são também comunicados ao Ministério Público. “Ouvimos a criança e o adolescente, formalizamos a denúncia na delegacia especializada onde a vítima com seu responsável é encaminhada para depoimento e exames de conjunção carnal”, finaliza.