Permitir que o caso de Mariana caia no esquecimento seria como esmagar as vítimas uma segunda vez sob toneladas de descaso e impunidade, escreve a jornalista
A jornalista Cristina Serra publica neste sábado (6) na Folha de S.Paulo uma coluna dedicada à tragédia de Mariana, ocorrida há seis anos, chamando a atenção para a impunidade dos responsáveis.
A jornalista relembra que a lama matou 19 pessoas e soterrou três povoados, envenenou o rio Doce, espalhou dor e devastação ao longo de 660 km. Atingiu 38 municípios dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.
“E o que fizeram a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP? Em acordo com o governo federal e os dois governos estaduais, criaram, em 2016, uma fundação para tocar o processo de reparação, sem mediação da Justiça. Ou seja, o poder público simplesmente se omitiu diante do poder de duas das maiores corporações globais da mineração”, escreve.
“No processo criminal, a defesa dos réus achou os caminhos para anular a acusação de homicídio doloso”.
“O caso de Mariana é um encadeamento de violências contra a população pobre e contra o meio ambiente. Permitir que caia no esquecimento seria como esmagá-los uma segunda vez sob toneladas de descaso e impunidade”.