A expectativa era grande. Longe de ser uma das favoritas ao Carnaval, todos queriam ver o que a São Clemente tinha para mostrar. Afinal, homenageava Paulo Gustavo, uma das vítimas fatais mais famosas da covid-19, após um longo período de luta contra a doença.
Com problemas em diversos carros e uma correria para terminar tudo a tempo, as homenagens para Paulo Gustavo ficaram em segundo plano em uma das escolas que deve brigar pelo rebaixamento.
Se do lado da São Clemente, a estrela não brilhou, quando a Salgueiro passou pela Sapucaí, sobrou luz. Viviane Araújo, completamente identificada com a escola, atravessou a avenida grávida e foi ovacionada.
Aliás, a atriz teve de contar com um cinturão de seguranças para a proteção do filho que espera. E também para fugir do assédio da imprensa, a única entrevista foi para a Globo depois do desfile.
A primeira noite de desfiles ainda teve Imperatriz Leopoldinense com Iza, 50 tons de rosa da Mangueira, homenageando Cartola, favoritismo da Viradouro ao bi e a Beija-Flor com a ex-BBB Natália.
Antes mesmo do relógio começar a contar o tempo, a São Clemente viveu momentos de tensão ao ver um carro bater em um viaduto devido à altura. Desfalques de famosos como Marcus Majella, diagnosticado com covid, também chamaram atenção.
E quando a bateria começou, o receio ainda era o sentimento que prevalecia. O atraso para colocar um boneco do humorista em uma parte do carro, que era dividido em duas fases, fez com que ele ficasse dividido. Por conta disso, o desfile atrasou dez minutos.
Os erros ficaram apenas para uma possível briga pelo rebaixamento. O que não muda o sentimento de Dea Amaral, mãe de Paulo Gustavo, que veio em um dos carros alegóricos sentada em um sofá. “Para mim, é campeã”, falou ao acabar o desfile.
O sentimento de homenagear o filho foi o mesmo demonstrado por Thales Bretas, viúvo de Paulo, e por diversos famosos que estiveram no desfile como Fabio Porchat, Marcelo Adnet, Marcos Veras, Mariana Xavier, Mônica Martelli e muitos outros.
O peso do desfile ficou nítido logo na comissão de frente, com caveiras que representavam a morte. Outra ala contava com doentes em cadeiras de roda, mas eles levantavam e começavam a sambar.
Na bateria, uma novidade para os desfiles cariocas: alguns integrantes apostaram em pratos, instrumento pouco usual.
Erika Januza, rainha de bateria da Viradouro, assumiu o posto com muita emoção e chegou até a chorar durante o começo do desfile.
Ninguém se destacou mais do que ela. Todos os olhos estavam voltados para Viviane Araújo, que mesmo grávida de cinco meses foi para o seu tradicional desfile pelo Salgueiro, dessa vez, com Joaquim dentro da barriga.
Viviane Araújo representou a cabocla Jurema, no enredo da escola que tinha como foco a resistência negra. A fantasia deixava a barriga de grávida à mostra.
Para evitar qualquer problema com sua principal estrela, o Salgueiro reforçou a segurança de Vivi Araújo. Foram dez seguranças para garantir que ela não sofresse com assédio excessivo durante a passagem pela avenida.
Vivi teve de fazer uma escolha difícil neste primeiro dia de Carnaval. Salgueiro e Mancha Verde desfilaram praticamente ao mesmo tempo no Rio e em São Paulo, e ela ficou fora da avenida na capital paulista.
Antes de começarem os desfiles, as arquibancadas da Sapucaí viraram local para manifestações políticas antecipando as eleições deste ano. O primeiro alvo foi Jair Bolsonaro (PL), que foi alvo de críticas. Enquanto isso, parte do público exaltava Lula (PT).
Mas o público dos camarotes não deixou que o apoio a Lula dominasse a Sapucaí e passou a criticar o ex-presidente.
Os protestos aconteceram logo após o hino nacional ter sido executado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.
O público das arquibancadas gritou “Fora, Bolsonaro” e, logo em seguida, “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Nos camarotes, os foliões reagiram gritando “ei, Lula, vai tomar no c*”.
Qual a melhor escola no primeiro dia do Carnaval do RJ?
Viradouro Beija Flor Imperatriz
São Clemente Salgueiro Mangueira