As equipes da Saúde Indígena, coordenadas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), prestam serviços e atendimento médico há várias etnias do Alto Juruá e para realizar a missão enfrentam muitas dificuldades para chegar até as aldeias em viagem de barco de muitas horas.
Na madrugada a equipe da DSEI Alto Juruá atendeu a indígena em trabalho de parto
Num serviço direcionado a levar saúde aos povos indígenas os profissionais de saúde, com o maior aperto no coração deixam suas famílias, enfrentam a difícil logística pelo prazer de cumprir a missão de cuidar das famílias indígenas que se encontram nos lugares mais remotos e ao chegarem as aldeias todas as dificuldades ficam para trás pelo carinho que são recebidos.
A logística das equipes é desenvolvida pela coordenadora geral do Alto Rio Juruá, Iglê Monte e secretários do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), com o apoio do Ministério da saúde, governos Federal e Estadual.
Na madrugada da última sexta-feira (16) a equipe da Saúde Indígena do Alto Juruá estava em área do povo indígena Apolima Arara, em Marechal Thaumaturgo, fazendo seu trabalho em área quando parentes de uma indígena se deslocou até a base, por volta 4:00 da manhã, informando que ela estava em trabalho de parto.
A equipe, composta por técnico de enfermagem, enfermeiros, médico e barqueiro, se deslocou até a casa e por conta do rio, trilhas, neblina e muita lama demorou um pouco. “Ao chegar a paciente já tinha iniciado o parto e a equipe fez todos procedimentos possíveis na casa da paciente como se fosse em uma maternidade”, disse o médico, Dr. Ruylan chaves.
“Primeiramente agradecemos à Deus e a capacidade dos profissionais que se dedicam a fazer a felicidade do próximo. Foi um parto normal com o auxílio da equipe DSEI-ARJ. Se não souber respeitar o gosto e a cultura, da outra pessoa, você nunca terá o respeito. Avalio que trabalhar com ética é fundamental em nossa vida”, afirma o enfermeiro Ítalo Moraes.
Para Ítalo quando se respeita à outra pessoa e se sabe dos limites se conquista o seu lugar na sociedade, na sua área profissional e conhecimento para a vida. “Amo o que faço com os meus povos indígenas, levo saúde, esperança, felicidade, além de tudo o respeito de conhecimento de origens”, ressalta o enfermeiro.
Na sua experiência a enfermeira destaca ainda que trabalhar com a Saúde Indígena é um desafio diário e a cada território que se conhece se conquista uma bagagem de aprendizados profissionais e lições de vida nas etnias diversificadas porque todas tem suas característica específicas.
“A melhor recompensa do nosso trabalho é ver o sorriso de cada um dos nossos indígenas. Quando a equipe chega em área somos recebidos como uma família, sorrimos, choramos e nos alegramos porque são muitos sentimentais. Em algumas ocasiões é preciso agir não só com a razão, mas também com o coração, respeitando suas diversidades culturais”, disse.
Respeito, compreensão e união entre a medicina tradicional e a ocidental, é essencial quando se trabalha com os povos indígenas, avalia a enfermeira Thamini Pereira. “Saber se colocar no lugar do outro, respeitar seus costumes, ouvir suas opiniões para tomar decisões com a comunidade para não interferir na cultura dos mesmos e um dos segredos da boa convivência”, ressalta a profissional que participou da missão.
Para Thamini Pereira trabalhar com a Saúde Indígena a transforma como ser humano. “É gratificante quando saímos de área e sabemos que mudamos o dia de alguém. Na verdade, são eles que mudam o nosso dia porque voltamos para casa carregados de lições de vida”, destaca.