Cruzeiro do Sul, Acre, 28 de novembro de 2024 14:58

“Eu fui eleito para trazer respostas e apontar soluções para os problemas da nossa gente”

ZEZITO (1)

Eleito deputado federal pelo Progressista, com 19.962 votos, Zezinho Barbary, de 57 anos, teve o empenho de três dos cinco prefeitos do Vale do Juruá (Cruzeiro do Sul, Mancio Lima e Porto Walter), o que foi fundamental para vencer as eleições. O fato de ser o favorito entre os setores esclarecidos, não o limitou. Ao contrário, entrou nos grotões e conseguiu imprimir uma candidatura popular.

Vereador por dois mandatos, quando foi presidente da Mesa Diretora por duas vezes, e único prefeito reeleito da história do município de Porto Walter, o então candidato conquistou a façanha de garantir votos em praticamente todos os municípios. Mas foi na região do Juruá onde ele pôde chancelar a vitória.

Considerado um visionário na política, que tem como principais características a firmeza, o cumprimento da palavra, a eficiência nas ações, o discurso coerente e articulado e a forte defesa dos interesses coletivos, Barbary, que peregrinou pelos gabinetes de Brasília atrás de recursos, agora é ele quem vai receber os prefeitos e alocar emendas no orçamento. “Com toda a humildade do mundo, um deputado federal pode fazer muito mais”, assim concebe ele.

De passagem pela Capital, a reportagem o encontrou em um bucólico sítio nos arredores da cidade. “A minha origem é rural”, comentou. Único congressista eleito na região, o político sabe o tamanho da responsabilidade que o aguarda, principalmente porque, entre a suas principais propostas, estão aquelas voltadas para o desenvolvimento regional e a geração de empregos. Vejam os principais trechos da entrevista:

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“A minha missão é lutar pelo nosso desenvolvimento”

Notícias da Hora – Conte-nos um pouco das suas origens?

Barbary – Somos de origem libanesa. Os Barbary chegaram ao Acre através do meu bisavô, Elias Estephan Barbary. Ele, com os filhos, se estabeleceu em Porto Walter, que, antigamente, chamavam-se Porto do Walter. Trabalhavam comercializando a borracha. Depois de muitos anos, o meu avô veio para Cruzeiro do Sul. A minha mãe era acreana, portovaltense, e descendente de nordestinos. O meu pai, José Estephan Amorim Barbary, começou a trabalhar muito novo como regatão, subindo e descendo os rios. Após meu avô falecer, o meu pai se tornou herdeiro de um seringal no Rio Juruá-Mirim, bem como no Rio Natal, também afluente do Rio Juruá. Aos seis anos de idade, eu saí de Porto Valter para estudar na casa de uma tia em Cruzeiro do Sul. Após terminar o ensino médio, retornei ao seringal para ajudar o meu pai, que estava sozinho. Trabalhei por doze anos como seringalista, mais precisamente nos seringais Boa Vista e Tamboriá. Éramos os patrões que mais tinham movimento no Juruá-Mirim.

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Notícias da Hora – E como o senhor entrou para a política?

Barbary – Em 1992, eu recebi a visita de alguns políticos, que pediram para eu me candidatar a vereador naquelas eleições. Naquele momento, Porto Walter foi transformado em município. Fui o mais votado sem sair do Rio Juruá-Mirim. No segundo mandato, a minha votação foi triplicada e tive votos em toda a região. No primeiro mandato, fui presidente e depois primeiro-secretário da Mesa Diretora. No segundo, ocupei essas mesmas funções, nessa mesma ordem. A minha experiência nos seringais me ajudou a ser um bom gestor, inclusive com todas as contas aprovadas pelos órgãos de controle. Percebi que, como vereador, não conseguiria fazer aquele trabalho que desejava para a minha população. Eu sempre fiz política para aquilo que ela deve ser, que é servir e apresentar trabalhos para o coletivo.

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Notícias da Hora – Depois de doze anos afastado da política, o senhor se tornou prefeito. Foi possível fazer aquilo que idealizou?

Barbary – Fiz um mandato diferente daqueles que me antecederam. Eles faziam um assistencialismo nefasto para se manter no poder, deixando a Saúde, a Educação, a Infraestrutura e os agricultores abandonados. Isso não é fazer gestão e muito menos desenvolver uma região. Na primeira eleição, obtive 62,3% dos votos e na reeleição subi para 67,7. No final do meu mandato, apresentei o meu sucessor, que é o César Andrade. Por três vezes, fui eleito o melhor prefeito do Acre e cheguei a ser presidente da Amac (Associação dos Municípios do Acre). A boa gestão que fizemos no passado continua com o Cesar. As coisas estão acontecendo em Porto Walter, graças a Deus.

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Notícias da Hora – Por que o senhor decidiu ser candidato a deputado federal?

Barbary – A minha ideia inicial era ser candidato a estadual, mas repensei por causa dos espaços. Na nossa região, chegamos a ter três deputados federais. Isso veio diminuindo. Quando a Jéssica Sales ensaiou a candidatura dela para o Senado, vi um campo aberto. Eu temia que o Juruá não tivesse representantes e aceitei o convite do governador, saindo do MDB para o Progressista. Dos oito eleitos, fui o mais bem votado na região. Em Cruzeiro do Sul, tive a metade desses quase vinte mil votos e, em Porto Valter, mais de 80% dos votos válidos.

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“Eu sempre fiz política para aquilo que é o propósito dela, que é servir e apresentar resultados para o coletivo”

Notícias da Hora – O que o senhor fez para ganhar as mentes e os corações dos eleitores?

Barbary – A minha campanha foi muito tranquila, como muitas propostas e conversando direito com os eleitores, principalmente com aqueles que eu mais me identifico: os produtores rurais. O povo do Juruá me conhece com comerciante, vereador, gestor, filho e pai de família. É claro que o apoio dos prefeitos e outros líderes me ajudou muito. Sou o único deputado eleito pela região e sei o tamanho da minha responsabilidade, principalmente porque, entre as minhas principais propostas, estão aquelas voltadas para o desenvolvimento regional e a geração de emprego e renda.

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Notícias da Hora – O senhor peregrinou pelos gabinetes de Brasília a procura de recursos. Agora a situação se inverteu. O senhor é quem vai receber os prefeitos. Comente sobre isso.

Barbary – Eu, que fui vereador e prefeito, sei da importância de um deputado federal, sobretudo para uma região que sobrevive de repasses obrigatórios. Esses municípios, que praticamente não têm arrecadação, dependem de emendas parlamentares. Eu sou municipalista. É através dos prefeitos que os recursos e as ações chegam mais rápido para a população. Também irei aos ministérios, aos bancos e às agências de desenvolvimento como a Suframa e a Sudam. A população espera muito de um deputado federal. Existem os chamados grandes temas do Brasil. Serei um deputado atuante, ou seja, irei fazer interferências, levando ideias e propostas para resolvermos os problemas nacionais e regionais.

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“A missão mudou, mas o compromisso é o mesmo”

Notícias da Hora – O Acre é o segundo estado mais pobre do país. O que o senhor pode fazer para sairmos dessa situação?

Barbary – Estamos numa região em que muito se fala em conservação e meio ambiente. Isso é necessário, mas a nossa preocupação é com o povo. O grande desafio é conciliar preservação com desenvolvimento regional. Precisamos investir na agricultura e nos produtores rurais para, através disso, gerarmos emprego e renda para a nossa região. Precisamos produzir mais e com qualidade, inclusive com a fruticultura e o incremento de outras culturas como o café. O beneficiamento desse último, por exemplo, está sendo feito em Mancio Lima porque não temos uma secadora em Cruzeiro do Sul. Eu vi pessoas cultivando o cacau e, no mesmo sítio, produzindo chocolate. Olha que coisa admirável! É preciso abraçar essas ideias. O mandado terá como prioridade o desenvolvimento da nossa região. Pretendo e quero trabalhar junto ao governador, com os prefeitos e toda bancada. As eleições já acabaram e precisamos nos unir para alavancarmos o nosso desenvolvimento econômico. Estou preocupado com quem me deu o mandato e quer respostas. Não fui eleito para brigar com ninguém. Fui eleito para trazer respostas e apontar soluções para os problemas da nossa gente. Muito se fala em agricultura sustentável, COP-27 e financiamento disso e daquilo outro. Eu quero ver esses recursos chegarem ao pequeno e médio produtor.

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