Edu lembra que as friagens antigamente duravam até de mais de uma semana e em algumas delas morreu gente. Entre risadas uma pessoa da melhor idade lembra também que a vaca do pai dela morreu numa das friagens rigorosas
Depois de semanas de intenso calor chega em Cruzeiro do Sul e nos municípios do Juruá a frente fria anunciada pelo estudioso do tempo David Friale e a temperatura a tardinha estava em 18º C. Tempo nublado, na madrugada de sábado (22) o frio deve aumentar ainda mais chegando a 17ºC, afirma previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
A frente fria de origem polar, já considerada uma das maiores dos últimos tempos, anunciada pelo homem do tempo que há quase 30 anos divulga previsões meteorológicas no Acre, derruba a temperatura em 12 estados e no sul os termômetros devem ficar abaixo de zero. Nos últimos tempos as baixas temperaturas na região tem duração pouca.
O fenômeno trará consequências inesperadas, como já está ocorrendo, com a queda das temperaturas, além de muita chuva, geada, neve e queda de granizo como aconteceu em Porto Velho, Rondônia. Em alguns cidades do Acre o Corpo de Bombeiros registrou pelo muitas ocorrências de queda de árvores, mas não houve nenhuma mais grave ou vítimas.
No alto do Morro da Glória o vento forte anuncia a maior friagem dos últimos tempos
A massa de frio se formou próximo ao Polo Sul e alcançou o continente, subindo pelo sul da Argentina. Massas de ar frio comuns, geralmente têm 1 quilômetro de espessura, indo da superfície até a atmosfera, mas esta coluna de ar frio que começou chegar ao Brasil na última quarta-feira (19) tem cerca de 5 ou 6 quilômetros de espessura.
Devido essas proporções, a frente fria deve invadir grande parte do interior da América do Sul e do território brasileiro, podendo chegar até a Linha do Equador. O fenômeno derruba as temperaturas até nas regiões onde hoje se registram temperaturas máximas próximas dos 40º C e já está sendo sentido com bastante intensidade no Acre, Rondônia e Amazonas.
O anúncio do Friale sobre uma forte friagem que se aproximava trouxe muitas lembranças de pessoas da melhor idade da cidade que lembram das rigorosas friagens de antigamente. Eduardo Gomes da Costa, popular Edu, confirmou que em tempos passados as friagens na região duravam até mais de uma semana e maltratavam muito por serem muito rigorosas.
“Naquele tempo a maiorias das casas era de madeira e quando chegava a friagem era preciso tapar as brechas das paredes com estopa porque o frio não era pouco não”, lembra Edu que afirma que as últimas friagens fortes na região aconteceram antes de 2.000. “Mas, em 2001, no mês de agosto teve a última grande friagem que morreu até gente”, conta.
A afirmação de uma pessoa da melhor idade de que a vaca do pai dela morreu numa friagem muito forte provoca risos, mas mostra como era o frio. Edu diz que não conhece a estória, mas não duvida que tenha acontecido porque antigamente principalmente nos meses de agosto as friagens duravam pelo menos uma semana.
Edu lembra que um fabricante de picolé que era pai do amigo dele, o desembargador Arquilau de Castro Melo, ficava mais de uma semana sem vender nenhuma unidade do produto nas épocas de frio e causava um grande prejuízo para o dono da fábrica. “Olha, a friagem dava um grande prejuízo para o seu Mundico”, comenta.
Edu avalia que a diminuição do rigor das friagens na região, que ultimamente não duram mais do que um dia, se deve as questões da mudança climática provocada pelo desmatamento e pela agressão do homem a natureza e lembra que antigamente na maioria dos municípios, principalmente na Serra do Divisor, as friagens eram rigorosíssimas.