As vezes o coração fala mais alto que a razão, nestes tempos de pandemia. Assim vemos a atitude da senhora Marta que passou 10 dias cuidando da irmã Neuza na enfermaria da Covid-19, no Hospital de Campanha, porque ela não tinha nenhuma condição de ficar sozinha.
Com alguns problemas de saúde sua irmã Neuza, que é portadora de Alzeimher, diabetes e tem marca-passo, foi infectada pela Covid. Como consequência ficou muito irritada e teve que ser internada. A irmã, que é profissional de saúde e já tomou as duas doses da vacina, a acompanhou.
“Tive que acompanhar minha irmã. Ela não tinha condição de ficar sozinha. Na enfermaria estava muito irritada, querendo sair, não conseguia dormir e arrancava o equipo de soro. Ela não era agressiva, mas uma pessoa normal. Depois da Covid mudou o comportamento”, diz a irmã.
Marta avalia que foram 10 dias de guerra pela saúde na enfermaria do Hospital de Campanha, mas felizmente a irmã Neuza não precisou ser intubada. Nesta-sexta-feira (05) ela recebeu alta médica e já está em casa, mas ainda não consegue dormir”, ressalta a irmã ao comemorar a alta.
“Foram dias muito tensos, é muita gente na enfermaria, muitos deles passando mal com falta de ar, alguns morreram. Uma situação muito dramática que passei para cuidar da minha irmã. Graças a Deus ela está de alta médica e em casa”, comemora.
Dona Marta trabalha na Maternidade há 18 anos, onde prestava serviços de auxiliar de enfermagem, mas não conseguiu fazer o curso de Técnico de enfermagem. Nesse tempo de trabalho ela exerceu algumas funções como a chefia da cozinha e trabalhou também no centro cirúrgico.
“Quero fazer um agradecimento ao povo maravilhoso do Hospital de Campanha. É uma equipe muito boa e humana. São verdadeiros guerreiros que precisam de aplauso e de apoio, pois não medem esforço para ajudar os pacientes internados, muitos em estado grave”, agradece.
Marta destaca que agora, depois da alta médica, a luta continua com o tratamento da irmã que mesmo com medicação não está conseguindo dormir e aproveita para pedir que as pessoas possam se cuidar para não serem infectadas pela Covid.
“Não é uma experiência boa, mesmo doente minha irmã era uma pessoa muito calma, não reclamava de nada e depois da Covid está muito agressiva. Mas, estou acostumada, já cuidei de outros irmãos que já faleceram e se Deus quiser tudo vai ficar bem em pouco tempo”, finaliza.
Nossa homenagem à tantas mulheres guerreiras, a exemplo de Marta, que mesmo nesse momento dramático que passa a humanidade, enfrentam riscos tão grandes como o da pandemia para num gesto de amor cuidar de seu semelhante que delas precisam.