De acordo com o argentino Daniel Hadad, o bilionário sul-africano não pode querer ter jurisdição própria em cada país onde funciona a sua plataforma
Considerado o imperador da mídia digital de língua espanhola, o proprietário do portal de notícias Infobae, o argentino Daniel Hadad, apoiou nesta segunda-feira (16) a decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil de suspender a rede social X.
“A decisão é correta por parte do sistema judiciário brasileiro. Musk não pode ter jurisdição e soberania sobre o mundo inteiro, isso não corresponde. O Brasil está certo, a soberania nas comunicações é de cada país”, afirmou o empresário Hadad ao canal de streaming Gelatina, de Buenos Aires. O relato foi publicado pela Rede Argentina.
O Infobae é o principal meio de comunicação de língua espanhola na internet, com mais de 50 milhões de leitores verificados, e é destaque em países como Argentina, Colômbia, México e Peru. É um dos principais concorrentes de audiência da rede X (antigo Twitter).
No Brasil, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a suspensão do funcionamento do X por não ter indicado um representante legal, com o objetivo de facilitar as negociações entre o Judiciário e a plataforma, visando combater discursos de ódio e fake news.
O bilionário de extrema-direita, Musk, vem utilizando, nos últimos meses, uma estratégia similar à adotada por bolsonaristas no Brasil e por apoiadores de Donald Trump (Partido Republicano), que é a de criticar o Judiciário, numa tentativa de passar à população a ideia de que a Justiça é parcial e poderia atrapalhar determinado governo. Durante sua gestão, Jair Bolsonaro (PL) também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração dos resultados das eleições.
No Brasil, bolsonaristas têm acusado Moraes de ser contra a liberdade de expressão. O ministro do STF atuou em inquéritos sobre fake news, trama golpista, fraudes em cartões de vacinação e venda ilegal de joias.
Atualmente, Bolsonaro está inelegível por fake news, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral no ano passado. A razão foi que, em 2022, o então político de extrema-direita fez uma acusação sem provas, afirmando a embaixadores, em Brasília (DF), que o sistema eleitoral brasileiro não era seguro contra fraudes.