No processo de construção de nossa história, embora todo ser humano seja de inestimável valor, compraz-nos destacar aquelas pessoas que empregaram maior esforço para construir o bem da coletividade. Basta que essa incidência social se dê num ou em alguns dos muitos aspectos que compõem o lindo mosaico da vida e da convivência humana para que o todo da sociedade seja enriquecido. Sociedade essa que não se limita ao tempo histórico da existência física da pessoa, mas que perpassa os tempos, influenciando as sucessivas gerações.
Quão linda é essa capacidade humana que pode, no presente, conectar-se com valores e realidades oriundas do passado, atualizando-os e projetando-os rumo a um futuro promissor!
Pois nesse itinerário gratificante de valorizarmos pessoas que muito contribuíram para o bem social, a sociedade de Cruzeiro do Sul, do Acre e arredores, toda a região do Alto Juruá e, por extensão, a Amazônia Ocidental – e muito mais que esse território, uma vez que a cultura tem valor universal – se regozija ao fazer memória de João Mariano da Silva, carinhosamente denominado O Escriba do Juruá.
O dia 13 de maio, data natalícia do nosso homenageado (13/05/1897), já se torna uma data símbolo para os/as que nessa região se dedicam à boa comunicação. Homenagem essa que não se limita ao seringueiro, professor, escritor, defensor (rábula), poeta, jornalista, pai-avô e amigo João Mariano, nem apenas aos comunicadores de hoje, mas a toda a população que se beneficia da comunicação de qualidade. Aquela comunicação que promove e defende as causas da vida, da justiça, dos bons relacionamentos, dos valores culturais. Comunicação que motiva as sucessivas gerações a serem guardiãs e promotoras de uma sociedade sadia, embasada nos princípios do bem da coletividade.
Muitas perguntas podem ser formuladas a partir desse raciocínio, que deseja salientar a importância de João Mariano e de sua obra para os nossos dias! As respostas podem ser iniciadas pela boa notícia da reorganização do acervo dos jornais O REBATE (1921-1971) e O JURUÁ (1953-1971). Acervo esse cuidadosamente conservado durante as décadas passadas pela família Mariano, e que está sendo restaurado e reorganizado por profissionais de Manaus com o acompanhamento da família. Em breve poderá ser devolvido à sociedade em forma de cópias físicas e digitais.
Acreditamos ser essa uma boa notícia para uma sociedade que é boa e quer revisitar essas edições de um passado não tão distante, cheias de iluminações para os nossos dias. Afinal de contas, bem-vinda seja toda boa iniciativa que contribua para a consolidação dos valores culturais e identitários de uma comunidade em seu território, favorecendo a autoestima, a consciência e o compromisso com o bem comum.
Vale ressaltar que 2021 é o ano do centenário de fundação de O REBATE, jornal de maior longevidade de Cruzeiro do Sul, fundado em 19 de junho de 1921. Teve sua última edição em 19 de julho de 1971, perfazendo 1.167 edições ao longo de 50 anos. E a metade desse tempo com a boa e competente atuação de João Mariano da Silva.
Oxalá esse seja o tema de um próximo artigo!
