Depois de 14 anos de disputas nos tribunais, a Justiça determinou que a filha do ex-lavrador Renê Senna, assassinado em 2007 após ganhar na Mega-Sena, receba metade da fortuna do pai, cerca de R$ 43 milhões. Segundo a decisão, do mês passado, o valor pode ser depositado na conta de Renata Senna, considerada herdeira legítima do milionário, depois do recolhimento de impostos pelo Estado. É a primeira vez que a herança de Senna será movimentada desde o homicídio. O processo corre em segredo de Justiça.
A briga pela herança teve um fim no primeiro semestre deste ano, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um recurso da viúva Adriana Ferreira Almeida, condenada a 20 anos de prisão pelo homicídio, cujo objetivo era validar o testamento que da direito a ela à metade da fortuna. O Judiciário considerou que o milionário foi manipulado por Adriana, que já teria um plano para matá-lo. O acórdão, assim, reconheceu um testamento anterior, que dava a nove irmãos de Renê o direito à outra metade de seus bens.
Como Adriana ainda pode recorrer, os irmãos ainda não foram autorizados a receber a outra metado do montante. O valor a que a filha de Senna pode ter acesso, no entanto, ainda não corresponde ao total da herança. Não entrou no cálculo o montante de R$ 14 milhões obtido com as vendas da Fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Rio Bonito, onde Renê passou seus últimos sete meses de vida, e das cabeças de gado do ex-lavrador.
O ex-lavrador foi executado a tiros em 7 de janeiro de 2007 no município de Rio Bonito, na Região Metropolitana fluminense. De acordo com a sentença que a condenou, Adriana encomendou a morte do marido após ele ter dito que iria excluí-la do testamento, pois sabia que estava sendo traído. Em setembro do ano passado, esgotaram-se todos os recursos possíveis, e Adriana foi condenada definitivamente pelo assassinato de Renê. Ela já cumpriu quatro anos da pena, contando o período em que ficou presa preventivamente, antes da sentença.
Derrotas na Justiça
Ao longo do último mês, a mulher que ficou conhecida como Viúva da Mega-Sena teve duas derrotas na Justiça. Uma delas foi no processo a que foi condenada pelo homicídio de Renê Senna. A defesa tentava anular o julgamento, mas o desembargador Marcus Basílio não recebeu os recursos, em decisão de 22 de outubro passado.
Já na semana passada, nova derrota: o desembargador Nagib Slaibi Filho negou um pedido da defesa de Adriana para que a filha do ex-lavrador faça um novo exame de DNA. A viúva queria impedir Renata de ter direito à herança por ser filha legítima do ex-lavrador.