Cruzeiro do Sul, Acre, 4 de dezembro de 2024 21:32

Mesmo com liberação de cultos religiosos, diocese decide manter igrejas fechadas em Rio Branco

Mesmo com liberação de cultos religiosos, diocese decide manter igrejas fechadas em Rio Branco — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Decreto que libera cultos com 20% da capacidade foi publicado nesta sexta-feira (24). ‘A igreja está fechada, mas ela não deixou de continuar atuando de forma ativa na vida dos fiéis’, diz padre

A Diocese de Rio Branco se posicionou quanto a liberação de cultos religioso no estado com 20% da capacidade, autorizada pelo governo em decreto publicado nesta sexta-feira (24), e decidiu manter as igrejas fechadas.

Depois de muita pressão por parte de alguns líderes religiosos, o governador Gladson Cameli voltou atrás e liberou a reabertura de liberou a realização de cultos, missas e celebrações religiosas em todo o estado durante a pandemia do novo coronavírus.

As atividades religiosas, incluindo cultos, missas, procissões e qualquer outra, estão suspensas desde o dia 20 de março, quando o governo determinou a suspensão dos serviços não essenciais como combate à Covid-19. O retorno das atividades estava previsto para ocorrer quando o estado atingisse a fase amarela, mas agora isso foi adiantado.

Mesmo assim a Igreja Católica decidiu manter os templos fechados. A informação foi confirmada pelo vice-reitor da Catedral, padre Jairo Coelho, que destacou que o momento ainda é delicado e que não há tendência de baixa nos casos de Covid-19 no estado, o que coloca em risco a saúde dos fiéis.

“Comprometida com a vida e amor ao próximo, a diocese continua com sua decisão de manter as igrejas fechadas até que de fato possamos avaliar que os fiéis terão a segurança necessária e nós possamos decidir pela abertura. Até lá, vamos continuar com elas fechadas”, destaca.

Além disso, o religioso destacou que a tecnologia tem ajudado a manter o suporte aos fiéis nesse período de distanciamento social e que a igreja tem se fortalecido.

“A igreja está fechada, mas ela não deixou de continuar atuando de forma ativa na vida dos fiéis. Continuamos com nossa programação através da internet, lives, através de atendimentos individuais, confissão, enfim, continuamos os atendimentos, sobretudo das pessoas mais pobres, mais necessitadas com a entrega de cestas básicas”, diz.

O padre acredita que a situação ainda é crítica e exige cuidados, por isso, a igreja deve aguardar os casos realmente apresentarem uma tendência de queda, o que ainda não tem acontecido.

“Estamos preocupados com a vida de todos, sentindo falta de nos encontramos comunitariamente, mas não podemos nesse momento agir apenas pelos sentimentos e emoções, mas sim como pastores responsáveis pelo povo de Deus. Quando de fato o Estado puder garantir que haja segurança porque diminuiu o número de casos, e aí é importante que a gente avalie essas duas primeiras semanas da flexibilização do decreto pra gente verificar de fato se há uma tendência de diminuição dos casos, havendo essa tendência de diminuição de casos, aí sim vamos poder abrir nossas igrejas com segurança e medidas possíveis para que nossos fiéis possam se encontrar e celebrar em comunidade”, finaliza.

Pressão e recomendações

Após pouco mais de um mês da suspensão das atividades, as igrejas evangélicas do Acre começaram a pedir pela volta das atividades em meio à pandemia.

Para evitar aglomeração e manter o distanciamento, a Associação dos Ministros Evangélicos do Acre (Ameacre) chegou a dizer que iria fazer escalas de cultos e reduzir em 30% a quantidade de fiéis nas igrejas.

Em junho, os deputados do Acre aprovaram, por unanimidade, um Projeto de Lei (PL) que previa a realização de cultos, missas e outros encontros religiosos durante a pandemia. O Ministério Público Federal chegou a fazer um alerta ao governador sobre a medida e ele recuou.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus virou alvo de uma representação do MPF, após ter reunido mais de 100 fiéis em uma reunião durante a quarentena, na Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco.

O encontro de líderes religiosos foi flagrado por uma equipe da Rede Amazônica Acre. Em contato com a reportagem no dia seguinte, o presidente do templo sede da Assembleia de Deus, pastor Luiz Gonzaga, confirmou que reuniu entre 100 a 120 fiéis no templo.

No último dia 10 de julho, apesar de existir essa movimentação grande por parte de algumas denominações evangélicas pela liberação dos cultos nos templos, o Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre (IEFP-AC) afirmou que ainda não era o momento de liberar as atividades religiosas devido aos números de casos de Covid-19 ainda estarem em crescimento.

Covid-19 no Acre

O coronavírus já atingiu 18.157 pessoas no Acre, segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde dessa quinta-feira (23). O estado teve um aumento de 178 casos em 24 horas. O número de mortes também subiu de 470 para 474.

Há ainda 228 exames aguardando o resultado nos laboratórios Lacen e Mérieux. Os dados do boletim mostram ainda que há 10.419 pessoas recuperadas no estado, 57% do total.

O estado está em contaminação comunitária desde o dia 9 de abril, mantendo uma taxa de 2.059 casos para cada 100 mil habitantes e letalidade de 2,6%.

A taxa de ocupação nos leitos de UTI específicos para pacientes graves de Covid-19 nesta quinta é de 66%. De acordo com o boletim assistencial, das 68 vagas, 45 estão ocupadas. Do total de leitos, 20 se concentram em Cruzeiro do Sul e 48 em Rio Branco.