Protestos contestam o resultado das eleições presidenciais, proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Acre os bloqueios ocorreram nas Brs 364 e 317
O Ministério Público do Acre (MP-AC) pediu que Polícia Federal instaure um inquérito policial para investigar os líderes dos movimentos que bloquearam Brs 364 e 317 no Acre. O ofício foi encaminhado pelo procurador geral de justiça, Danilo Lovisaro, nessa terça (1), à Superintendência da PF. O documento pede ainda a responsabilização criminal dos envolvidos nos atos antidemocráticos no estado com o bloqueio de estradas e vias urbanas.
As manifestações contestam o resultado das eleições presidenciais, proclamado pelo Tribunal Superior Eleitora (TSE) ainda no domingo (30).
O g1 entrou em contato com assessoria da Polícia Federal para saber se órgão já recebeu o ofício e aguarda o retorno.
De acordo com o MP, foi solicitado que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificasse as principais lideranças do movimento. Após eles serem identificados, agora o MP pede que a PF instaure o inquérito.
Os protestos nas estradas acreanas iniciaram na segunda (31) nas duas rodovias federais que cortam o Acre, em Brasileia, Manoel Urbano, Acrelândia, Brasileia e Senador Guiomard. Além de bloqueio em estrada na capital Rio Branco.
Após três dias com manifestações antidemocráticas nas rodovias federais que cortam o Acre, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que não há registros de bloqueios ou interdições na manhã desta quinta-feira (3).
Investigação na PM
O MP diz que entre os envolvidos, há um policial militar que aparece em vídeo em fardado e em serviço aderindo ao bloqueio da estrada que liga os municípios de Brasileia e Assis Brasil. Neste caso, o procurador-geral requisitou a instauração de inquérito policial militar, devido ao flagrante descumprimento da ordem judicial expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.
A Corregedoria da Polícia Militar do Acre informou ao g1, nesta quinta, que está investigando vídeo que circula nas redes sociais do PM aparece interagindo e sinalizando apoio aos manifestantes bolsonaristas durante o bloqueio ilegal da BR-317. (Veja vídeo acima)
Policial orienta manifestantes
Um dos vídeos citados pelo MP e que, inclusive, também está sendo acompanhado pelo MPF é do policial rodoviário federal aposentado Américo Paes. Ele aparece orientando que os manifestantes não se identifiquem. Ao g1, ele confirmou que participou de um dos atos na segunda (31) em Rio Branco e que gravou o vídeo para enviar aos grupos no WhatsApp.
“O policial rodoviário federal ao chegar no local para poder intimidar a liderança, não deem o seu nome como liderança, evitem aparecer no vídeo dizendo: ‘eu sou a liderança’. Digam que é uma ação coletiva, não tem liderança, é a sociedade que está fechando a BR. Tirem os carros que tem placa, tirem caminhão da BR, porque o Estado vai conseguir identificar de quem pertence e vai ser feito multa, então para fechar usem pneus, cadeiras, resto de materiais de construção, madeira, cavalete. Evitem colocar os veículos de vocês para que não sejam multados, então essa contribuição que estou dando, contribuindo para um país melhor, que tudo que a gente quer é um país melhor e aproveito para dizer a nosso presidente: obrigado presidente Bolsonaro, nunca, nunca mais o Brasil vai ter um presidente como nós tivemos, obrigada demasiadamente, capitão. Conte comigo, seu nome ficou no meu coração, no coração de várias famílias brasileiras, então vamos à luta”, diz no vídeo.

PRF conseguiu liberar todas as estradas acreanas após três dias de manifestações e bloqueios — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica