Cruzeiro do Sul, Acre, 26 de dezembro de 2024 06:51

Polícia Civil mobiliza forças para atender situação de emergência em terras indígenas no Rio Gregório

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A Polícia Civil do Acre (PCAC), por meio da Delegacia Geral de Tarauacá, foi acionada na noite da última quinta-feira, 27, para atender uma situação de extrema gravidade e urgência nas terras indígenas localizadas no Rio Gregório. O chamado foi feito por lideranças indígenas que relataram a presença de homens armados cometendo uma série de crimes contra as comunidades locais.

Forças de segurança se mobilizam para proteger as comunidades indígenas no Rio Gregório. Foto: cedida.

O Cacique Gecê Yawanawa, em um áudio enviado ao delegado José Ronério Silva, descreveu a situação alarmante. “Aqui sou eu, Gecê Yawanawa, do Rio Gregório. Quero acionar aqui que apareceram uns homens armados, que estão matando mulher e criança. E tá muito perigoso pra lá. Estão abusando das mulheres. Ninguém sabe de onde é que são. É urgente, delegado, é urgente. Estão todos desesperados, é urgente”.

Paralelamente, o Cacique Iskikua, da Aldeia Nova Esperança, publicou um vídeo em suas redes sociais reforçando o pedido de socorro. “Aqui quem vos fala é o cacique da Aldeia Nova Esperança do Rio Gregório. Neste momento, estou na capital, em Rio Branco, e, nesse exato momento, tem dentro da terra indígena do Rio Gregório uma facção criminosa que acabou de invadir uma aldeia, a aldeia dos parentes Camanawa. É do, que é conhecido como pajé caminhão. Eu peço encarecidamente, já avisei as autoridades, avisei a polícia de Tarauacá, mas estou usando a minha rede social pra que isso alcance mais gente”.

Os relatos indicam que os criminosos estão cometendo graves abusos, como violência sexual contra mulheres, agressões contra crianças e mantendo os homens das aldeias como reféns. O cacique também expressou preocupação com o risco de confronto:

“Estou me expondo aqui. Mas eu estou falando como pai, como liderança também porque estou preocupado. Não sei qual o motivo, o porquê, a gente está indignado com isso e preocupado. Pode acontecer um confronto. E é isso que a gente não quer. A gente é o povo da paz. A gente é o povo da cura. A gente é o povo da alegria. Mas quando é preciso defender nossos filhos e a honra das mulheres, a gente vai fazer o que for possível. Então pra que não aconteça coisa pior, a gente pede que as autoridades se desloquem e ajudem os parentes. A polícia precisa ir lá agora ajudar nossos parentes.”

Diante da gravidade da situação, o delegado José Ronério Silva acionou imediatamente as demais forças de segurança, incluindo a Polícia Federal e a Polícia Militar, para a formação de uma força-tarefa que se deslocou ao local.

A Polícia Civil do Acre reforça sua dedicação em proteger os direitos e a segurança das comunidades indígenas. Foto: cedida.

As equipes já estão na região realizando as devidas diligências para conter os atos de violência, resguardar as vítimas e proteger as comunidades. A Polícia Civil do Acre reiterou seu compromisso com a segurança pública e com a defesa dos direitos dos povos indígenas.

“Todos os esforços serão feitos para apurar os fatos, responsabilizar os culpados e garantir a proteção das comunidades tradicionais do Rio Gregório”, afirmou o delegado José Ronério Silva.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), informa que, após denúncia efetuada na noite de quarta-feira, 27, relatando uma suposta invasão na Aldeia Katukina, na Terra Indígena Rio Gregório, em Tarauacá, equipes das Forças de Segurança enviadas chegaram ao local nas primeiras horas desta quinta-feira, 28.

Com aparato prontamente montado para atender a denúncia, equipes compostas por policiais federais, militares e civis, além de guarnições do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), ao chegarem ao local e conversarem com indígenas e lideranças, constataram que a denúncia não procedia e que não foi verificado nenhum ataque externo à aldeia.

O Estado, assim que acionado, não mediu esforços e empenhou as equipes de forma coordenada e imediata, mostrando agilidade e eficiência para atender a demanda, principalmente por ser um ponto isolado e de difícil acesso. Na terra indígena habitam os povos Katukina e Yawanawá, em uma área de 188.329 hectares.

Ressalta-se que a coordenação das ações foi de competência da Polícia Federal. O governo estadual atuou de forma subsidiária, oferecendo suporte logístico e de pessoal.

José Américo Gaia
Secretário de Justiça e Segurança Pública