Nos primeiros dias da nova administração, a prefeitura de Cruzeiro do Sul buscou adotar uma nova estratégia de combate à pandemia do COVID, cujos números, infelizmente, tem crescido na cidade.
Como os sintomas da doença são principalmente síndromes respiratórias, o primeiro atendimento nos postos incorria no risco de que pacientes com gripes comuns pudessem se infectar.
Por essa razão, a prefeitura implantou a unidade de atendimento ao COVID ‘Posto Mão Amiga’ no ginásio coberto do bairro do Aeroporto Velho. Deste modo, com espaço amplo e ventilado, se torna mais seguro o atendimento, mantendo o necessário distanciamento entre os pacientes.
O fluxo é intenso durante quase o dia todo. Os pacientes aguardam em tendas do lado de fora do ginásio coberto. A equipe conta com duas enfermeiras, técnicas, auxiliares, recepcionista e, desde domingo, duas médicas. O atendimento funciona com livre demanda, ou seja, o paciente que chegar é atendido no horário de funcionamento do posto, que vai das sete da manhã, ás sete da noite, de domingo a domingo.
A equipe tem de trabalhar com boa coordenação, especialmente nos horários de maior movimento, sem descuidar da necessária higiene. “Aqui a gente tem que ter toda higiene, álcool sempre presente, copo descartável, água mineral, banheiro e etc. O atendimento tem que ser ágil e eficaz e a equipe tem que estar em união, é todo mundo trabalhando em conjunto. Durante a semana é alta a demanda. Tem que ter trabalho em equipe”, conta Rosilene de Souza, auxiliar de apoio.
“A demanda é grande, mas estamos fazendo o possível para atender as pessoas aqui. Tem momentos que lota e temos que nos ‘virar nos 30’ para atender todo mundo”, explica a recepcionista Tamara Brito.
A triagem é feita no local, já identificando o estado do paciente. “Nosso papel é fazer a triagem dos pacientes, ver batimentos, se está com febre ou não, pressão arterial, peso, oxigenação. Depois encaminhamos para a médica avaliar”, conta a técnica em enfermagem Antônia Feitosa.
Sentindo sintomas da doença, Adriane Charife, 27, veio no sábado do bairro do Telégrafo para o Posto Mão Amiga. “Estava sentido os sintomas há dez dias, esperando a gripe e a gripe não chegava. Há três dias senti falta de ar, dor do peito e cansaço e foi piorando. Fui encaminhada ao posto, aqui o atendimento foi rápido”, conta Adriane enquanto aguarda a sorologia.
“Até fiquei surpresa porque ficou bacana. Tem médico, enfermeira, facilita porque tira a carga do hospital e da UPA”, disse.
O resultado da sorologia foi negativo, e Adriane pode voltar para casa com mais tranquilidade. O resultado mais imediato do pronto atendimento, é trazer alívio para quem está com sintoma, como é o caso da jovem mãe Karina Melo. No sábado, seu filho Karisson, de apenas um ano, apresentou sintomas que poderiam ser de COVID. Mesmo no fim de semana, Karina encontrou o apoio do Posto Mão Amiga.
“Meu filho está com febre. Aqui não enfrentei fila, achei ótimo o atendimento. Cheguei e ele já foi atendido, rapidinho. Estava com muita preocupação, agora estou mais tranquila”, contou a mãe, aliviada.
O estado emocional das pessoas que apresentam sintomas é uma preocupação a mais. A possibilidade de que a doença possa evoluir para um estágio mais grave, torna essencial o diagnóstico precoce.
“A pessoa se encontra extrema perturbação psicológica. Acha que está com COVID e que pode progredir com aqueles agravos desde um estado leve até muito grave então chegam com o emocional abalado. Aqui temos que ser enfermeira, psicóloga, serviço social, etc”, contou a enfermeira Andréia Cavalcante.
No Posto Mão Amiga são realizados os dois tipos de testes: a sorologia e o Swab. “A depender dos horários de atendimento, os exames são realizados no próprio local ou no centro de diagnósticos, ao lado”, explica César Augusto Jr, coordenador do centro que presta apoio ao Posto Mão Amiga.
Não é raro que um mesmo paciente esteja acometido também de dengue, por isso, o posto também está habilitado para realizar esse tipo de exame. Se no domingo, as fortes chuvas fizeram diminuir o fluxo de pacientes, na segunda-feira pela manhã a demanda no posto Mão Amiga, dobrou. Ainda assim, o atendimento conseguiu ser ágil. Demorou poucos minutos para que Naide Freitas, do bairro do Saboeiro fosse atendida.
“Para mim foi nota dez. Tudo na ordem, como é para ser. Tô indo fazer a sorologia ao lado no centro de diagnóstico”, disse.
Até domingo, havia apenas uma médica atendendo no posto, mas com o aumento da demanda, a prefeitura determinou mais um médico para atender no posto.
“É um projeto bem gratificante. Atendendo a população, diminuído a demanda. Procurando reconhecer o vírus mais precocemente. Esse projeto é de grande importância porque ele tende tanto a melhorar a estratégia de prevenção do COVID, mas também amplia o atendimento a pacientes com síndromes respiratórias”, explica a Dra. Renata Rodrigues.
Com a população assustada com o aumento do número e da gravidade dos casos, uma unidade aberta de livre demanda e pronto atendimento, tem feito a diferença para a população de Cruzeiro do Sul nestes tempos difíceis.
“Aqui é a porta de entrada. Qualquer suspeita vem até a gente, se for necessário fazemos o encaminhamento para exame de imagens, se não a gente tenta resolver aqui mesmo, aliviando um pouco a demanda do hospital, que infelizmente, tem crescido. Estamos vendo retorno, resultados que nos deixam felizes”, diz a médica.
“As pessoas estão assustadas. Com a vacina aumenta a esperança de um fim da pandemia, mas ainda está distante, muitos casos graves, reinfecção, então para evirar problemas maiores com a superlotação da UTI, isso tem feito as pessoas se cuidarem mais”, conclui.