Cruzeiro do Sul, Acre, 15 de março de 2025 06:36

Promotor de Justiça alerta donos de moteis da obrigação de identificar idade dos clientes para não permitir entrada de menores de 18 anos

Uma reunião na Promotoria do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), na última quinta-feira (20), com a presença de proprietários de moteis do município e do Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Dr. Leonardo Santos, debateu a obrigação da identificação dos clientes para verificar a idade e não permitir a entrada de crianças e adolescentes.

 

O promotor Leonardo Santos fez um alerta aos proprietários de que a presença de menores num motel acarreta a interdição e a reincidência em menos de 30 dias gera o fechamento sumário e permanente do estabelecimento e ainda que de acordo com Código Penal  a pessoa que se omite com o dever de agir também é responsavel pelo crime.

Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Dr. Leonardo Santos, alerta sobre rigores do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Código Penal

Ao informar que pelo menos sete estupros foram realizados dentro de moteis da cidade o promotor alerta ainda que o proprietário que permite a entrada de criança ou adolescente ele mesmo poderá ser responsabilizado pelo crime de estupro por omissão, que tem pena de oito anos de prisão, caso o crime ocorra dentro do estabelecimento.

“Menor de 18 anos não pode entrar em motel e se houver estupro o dono do estabelecimento responde também pelo crime. A única maneira de aferir a idade é pela certidão de nascimento ou pela carteira de identidade”, alerta o promotor ao destacar que a reunião com os proprietários visa evitar que futuros casos possam acontecer.

“Essa é uma intensificação da responsabilização dos donos de moteis que permitem a entrada de crianças e adolescentes, proibida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e de acordo com as demandas e as denúncias chegarem os proprietários podem, com certeza, serem penalizados com os rigores estabelecidos pela legislação”, afirma.

Leonardo Santos enfatiza que é uma obrigação antiga da legislação e  precisa ser cumprida. “Mas, essa é uma conversa exatamente para alertar os proprietários de que precisam exigir a documentação de identidade para saber se as pessoas são maiores para prevenir a violência sexual contra crianças e adolescentes e um problema para eles próprios”, avalia.

Coordenador do Creas, Madson Cameli, ressalta o alerta como forma de prevenção a crimes contra a criança e o adolescente

O coordenador do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Madson Cameli, destacou que a reunião foi para alinhar, alertar e cobrar o que estabelece a legislação. “Os donos de moteis mostraram suas dificuldades, mas a reunião foi muito boa. Agora, eles estão cientes da obrigação de cobrar  a identificação dos clientes”, disse.

Segundo o coordenador o Crea, como rede de combate a exploração de crianças e adolescentes deverá intensificar a fiscalização porque há relatos de crianças que foram abusadas e estupradas em moteis e de acordo com o alinhamento com o Ministério Público é preciso informar a população sobre a legislação de proteção das crianças e adolescentes. 

Manfredo Costa, proprietário de um motel, avalia como de grande importância a reunião do Creas, Conselho Tutelar e a Promotoria do MP para combater a entrada de menores de 18 anos nos motéis, ressalta que nunca concordou com a prática e ressalta que, inclusive, na entrada tem placas e informativos orientando sobre a proibição.

“Somos, com certeza, a favor da lei e da não exploração da criança e adolescentes em qualquer lugar, principalmente nos motéis. A identificação dos clientes não era cobrada apesar da proibição estar visivelmente explícita”, disse ao avaliar que entrada de menores pode ter acontecido, mas em raras vezes e sem pedir a identificação não é possível fazer esse controle.

“Aos nossos amigos e clientes peço compreensão e ajuda para combater essa prática de entrada de menores nos motéis. Os clientes querem assegurar o direito de preservar a privacidade, mas a partir de agora os donos de estabelecimentos estão sendo cobrados pela legislação para fazer a identificação e peço que não criem problemas com os atendentes”, disse.