O rapper cruzeirense Kaemizê, da quebrada do bairro Miritizal, já tem 10 para 11 anos de estrada no Rap. Recentemente foi o vencedor do concurso Festival de Rap Virtual com a música Poesia Periférica II escolhida a melhor pela organização do evento. Ele já ganhou também outro concurso quando participou de uma seleção de artistas do Norte e foi classificado para fazer uma música para uma coletânea do Rap Victor Xamã, muito famoso em Manaus (AM).
“Agora tenho a chance de mostrar meu som a nível nacional dividindo a faixa com um dos grandes nomes do Rap Nacional”, comemora Carlos Silva de Oliveira, o Rapper Kaemizê, que neste final de semana participou em Rio Branco de um festival de Hip Hop e Rap na quadra Apolônio Sales. “ O festival teve um público muito bom e minha participação colou também , com certeza”, avalia.
Kaemizê lembra que sua carreira começou na Escola Madre Adelgundes, nas aulas de arte do professor Egino, seu principal incentivador, em 2012, com quem aprendeu tocar violão e depois começou a escrever, mas ainda não era Rap. Em seguida começou a ouvir artistas nacionais como Gabriel o Pensador, que virou seu ídolo, além de MC Sabotagem. Em 2013 ele iniciou a escrever.
“O ídolo da minha carreira no Rap é Gabriel, o Pensador, ele me inspirou demais. Depois ouvi Racionais, Mestre Sabotagem, MC Ida, Rachid. O Cartola, só tem clássicos, a gente que faz Rap e produção musical escuta de tudo, não só Rap. Gosto muito de escutar músicas antigas para pegar recorte de tonalidade, pegar e criar uma batida”, conta o rapper.
Falando nas influências musicais Kaemizê revela que escuta também Paulo Sérgio, Nelson Ned, que é um grande cantor, além de música inglesa e japonesa. “Baixo muitas músicas deles na internet – You Tube – para criar novas batidas”, enfatiza ao lembrar que começou baixando batidas na internet e escrevendo algumas coisas.
“Na época eu estava trabalhando, consegui comprar os equipamentos – computador, monitores de referência, fones – e passei a me profissionalizar cada vez mais, mixando, masterizando, pegando aulas de produção musical e agora inicia um reconhecimento das pessoas pelo meu trabalho”, avalia.
O rapper pausa ao lembrar o professor Egino. “Vamos aqui no Vozdonorte fazer um reconhecimento pelo papo que ele me deu. Ele perguntava porque eu não aprendia tocar violão. Achava que eu tinha a facilidade do tempo certo da música e aquilo me inspirou muito. Comprei um violão e estou cada vez apreendendo mais. Ele merece meu grande salve”, agradece emocionado ao mestre.
Atualmente Kaemizê toca violão, baixo, um pouco de piano e compõe suas batidas no seu quarto de dormir onde tem montado um estúdio. Ele trabalha para finalizar um álbum novo que está faltando apenas duas faixas e aproveita também para agradecer aos manos Felipe Cavalcante, que sempre lhe dá uma força boa nos clips e ao MC Confuso.
“Tem o Felipe e o Walacre (Confuso), de Belém, que é outro cara muito importante para mim. Escrevemos juntos pelo celular”, destaca ao avaliar que o estilo musical vem crescendo muito em Cruzeiro do Sul ao lembrar que antes ninguém ouvia ou acreditava neste tipo de música.
“Hoje, a galera do meu bairro já está dando apoio. Agora, estou fazendo uma vaquinha virtual e uma rifa para levantar uma grana para fazer um clip com o Nocivo Xamã. Vou gravar as imagens de forma virtual daqui e ele vai fazer o clip de lá. A premiação do festival era 30 dias no Instagram, um clipe no canal dele, um instrumental e um fit, que é participação na música”, disse.
A música que ganhou o Festival Rap Virtual, Poesia Periférica II, é um projeto criado por Kaemizê que fala da realidade, do cotidiano vivido e de uma parada de que sempre buscar ter fé e foco porque ninguém imaginava que ele poderia ganhar o concurso, principalmente pela distância e estar fora do eixo central, São Paulo.
“Vários artistas bons do Brasil participaram e fui o escolhido o que mostra que a música tem essa perspectiva de vitória. Poesia Periférica II tem o objetivo de trazer o máximo de realidade possível para que os manos que ouvirem possam se inspirar e tenham a perspectiva de que o crime não é o caminho certo porque a maioria é enganada pelas promessas”, afirma.
O primeiro clip de Kaemizê, da música Mudança, de sua autoria no estilo Rap acústico, gravado e produzido pelo músico e atual vereador Clerton Souza, em 2017, teve repercussão muito positiva e foi muito visto pela galera sendo um dos incentivos e base para as outras produções.
Sonhador Kaemizê lembra que desde cedo cresceu vendo coisas erradas. Ele nasceu, cresceu e ainda reside no bairro Miritizal onde mora ao lado da mãe. Seu pai atualmente mora no Liberdade. “Vivo sempre buscando passar uma mensagem boa na batida, tentando inspirar a galera do bairro para soltar as armas, sair do crime e buscar coisas melhores”, destaca.
Kaemizê fala do seu sonho. “Cara, esperei por isso por muito tempo. Ficava sem dormir pensando na minha oportunidade e meu interesse é aproveitar o momento, minha expectativa é de crescimento, enquanto não acontece faremos nossa parte de fazer música para se irmanar com a galera jovem de que o crime e as drogas não compensam”, enfatiza.
Quebrada, para a moçada entender, é o lugar onde a galera mora. “Muitos jovens da minha quebrada (Miritizal) agora me apoiam demais e quero incentivar eles a pensar para o lado do bem. Ninguém é melhor que ninguém”, finaliza.
Conheça mais o trabalho do rapper Kaemizê:
https://www.instagram.com/kaemizemc/
https://.facebook.com/Kaemizê.silva
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