Cruzeiro do Sul, Acre, 2 de abril de 2025 16:32

Rosas de Ouro celebra título com quadra lotada, emoção de integrantes e gritos de ‘a campeã voltou’

EVY2XTDJRBCJ5K3BYGBE4AJEH4

Escola venceu o carnaval de São Paulo depois de 15 anos; troféu foi conquistado em apuração acirrada, na última nota e no critério de desempate

Já se passavam das 23h desta terça, 4, e a festa na quadra da Rosas de Ourocampeã do carnaval de São Paulo de 2025, parecia que estava só começando. O barracão da escola, na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, ficou lotado de foliões e simpatizantes da Roseira, animados e emocionados pelo oitavo título da história da agremiação, o primeiro desde 2010.

O troféu que quebrou o jejum de 15 anos da escola veio acompanhado de tensão e emoção. A nota que tornou a Rosas campeã saiu só no jurado final, no último quesito (Evolução). E ainda foi necessário recorrer ao critério de desempate (notas descartadas), porque a Unidos do Tatuapé também terminou a apuração com os mesmos 269.8 pontos da Rosas.

Alegria em azul e rosa: foliões, integrantes e moradores da comunidade festejam título da Rosas de Ouro na quadra da escola.
Alegria em azul e rosa: foliões, integrantes e moradores da comunidade festejam título da Rosas de Ouro na quadra da escola. Foto: Alex Silva/Estadão

“Eu nunca tinha visto uma apuração tão emocionante como a de hoje”, disse à reportagem Jair Rodrigues, de 73 anos, um senhor de passos lentos e uma bengala nas mãos. Acompanhando do neto, que emprestava um dos braços para dar mais sustentação ao avô, o veterano foi à quadra da Rosas de Ouro para cumprimentar a presidente da escola, Angelina Basílio, pelo título conquistado.

“Cheguei aqui (na Rosas de Ouros) em agosto de 1972. A escola é minha vida, minha paixão”, conta Jair, que já ocupou o cargo de ex-diretor de bateria da agremiação e hoje é integrante da velha guarda da Roseira. “Eu sempre desfilei. Mas não participei dos últimos dois anos por conta da minha artrose”, explica, apontando para a bengala.

Para você

Diferente de Jair Rodrigues, que tem laços com a escola há décadas, Jennifer Amato, 32, começou a participar dos desfiles da escola só em 2024. “Eu venho para cá porque faço parte de um grupo coreográfico. E aí, esse grupo que me chamou para fazer parte da Rosas”, diz.

Ela não mora na Freguesia e nem na Brasilândia, locais onde a escola tem fortes conexões com as comunidades de lá. “E moro na Zona Leste e venho sempre pra cá. Vivo aqui agora”, disse Jennifer, entusiasmada pelo título. “Foi maravilhoso, a escola é maravilhosa e me conquistou. Mesmo estando pouco tempo, ela me conquistou de uma forma inexplicável.

A reportagem acompanhou a festa da Rosas de Ouro. O pavilhão lotado era guiado pelos diretores da escola, que puxavam as músicas do palco. Uma das mais cantadas, além do samba-enredo, era o gripo de: “A campeã voltou”.

O troféu foi levado a uma sala onde as pessoas puderam tirar fotos ao lado da honraria. Algumas pessoas se emocionaram com a conquista e chegaram a chorar neste momento.

Angelina Basílio posa ao lado do troféu de campeã do carnaval de São Paulo, na quadra da Rosas de Ouro
Angelina Basílio posa ao lado do troféu de campeã do carnaval de São Paulo, na quadra da Rosas de Ouro Foto: ALEX SILVA

Para a Angelina Basílio, presidente da escola, a conquista é fruto de um projeto da Rosa de se abrir mais para a própria comunidade. “Quando a comunidade chegou junto, a evolução da escola cresceu”, disse ela ao Estadão, ao lado do troféu de campeã.

A Rosas de Ouro desfilou com o enredo Rosas de Ouro em uma Grande Jogada, que contou sobre a história e importância dos jogos na vida das pessoas.

Para a reportagem, o carnavalesco Fabio Ricardo, que estreou na Rosas no desfile deste ano, disse que percebeu uma mudança de energia e postura na escola no decorrer dos últimos meses.

“Quando eu cheguei, eu percebi que a escola estava pronta para ser campeã. Eu falei para o diretor: ‘A escola está preparada para ser campeã. Só depende da Rosas de Ouro se organizar e querer ganhar’. O chão da escola queria ganhar”, disse.

Para isso, ele tentou contribuir fazendo uma melhor organização administrativa e institucional para a agremiação, oferecendo mais escuta aos integrantes, mais sofisticação ao desfile e consciência sobre os gastos. “Ninguém faz carnaval sozinho. É como uma corrente, se um elo tiver fraco, arrebenta. E, dessa vez, todos estavam unidos”, afirmou.